DO (NOVO) AEROPORTO AO (VELHINHO) SAMBIZANGA
Oactual Governo angolano do MPLA, na certeza de que o próximo será também do MPLA, como foram todos desde a independência, vai gastar mais quase 100 milhões de euros, através de financiamento polaco, com o novo aeroporto internacional de Luanda, que será construído por empresas chinesas. E se no dia 23 os angolanos escolherem outro governo, mantém-se tudo?, perguntam os mais ingénuos. Claro que se mantém. Desde logo porque, segundo o regime, se o MPLA não ganhar… Angola acaba. Mas vai ganhar (já ganhou, aliás) folgadamente com a ajuda do dinheiro roubado aos angolanos, com o apoio das Forças Armadas e da comunidade internacional. Prova disso é que, por exemplo, a União Europeia não vai ter observadores eleitorais no país e delegou a sua represen- tação em cinco (5) peritos que, em gozo de – certamente merecidas – férias, estão por cá a ver a qualidade das nossas praias e da gastronomia local. Segundo um despacho assinado pelo Presidente angolano, de 4 de Agosto (a, portanto, meia dúzia de dias das eleições), em causa está a “necessidade” de “proceder ao acabamento e apetrechamento da secção protocolar do Terminal VIP, fabrico e fornecimento das infra-estruturas externas e equipamentos” do Novo Aeroporto Internacional de Luanda, em construção no município de Icolo e Bengo, a 30 quilómetros da capital. Esta empreitada, de acordo com o documento assinado por José Eduardo dos Santos, que autoriza a contratação, está avaliada em 93,3 milhões de dólares (79 milhões de euros) e soma-se à construção e apetrechamento do Centro de Formação Aeronáutica, empreita igualmente aprovada no mesmo despacho, no valor de 19,7 milhões de dólares (16,7 milhões de euros). O presidente angolano autoriza igualmente o ministro dos Transportes a celebrar os respectivos contratos com as empresas Quenda Business Initiative e Cipro. “O Ministério das Finanças é autorizado a proceder ao enquadramento dos referidos contratos no âmbito do Programa de Financiamento com a Linha de Crédito do Banco BGK, da República da Polónia, e criar condições para assegurar a execução financeira das respectivas empreitadas”, determina ainda o mesmo despacho presidencial. A factura da construção do novo aeroporto internacional de Luanda já ultrapassa assim os 6.400 milhões de dólares (5.400 milhões de euros), somando as várias obras contratadas a empresas chinesas. Só a edificação propriamente dita do aeroporto, em curso desde 2004, está a cargo da empresa China International Fund Limi- ted (CIF), contratada pelo Governo angolano por 3.800 milhões de dólares (3.220 milhões de euros). No equipamento da infra-estrutura, o Estado angolano vai gastar mais 1.400 milhões de dólares (1.190 milhões de euros), tendo contratado para o efeito a empresa China National Aero-technology International Engineering Corporation. Em 2015 foi escolhido o consórcio da China Hyway Group Limited para construir o acesso ferroviário ao aeroporto. Nesta empreitada, a construção e fornecimento de equipamentos para as cinco novas estações do Caminho de Ferro de Luanda (CFL) representa um investimento público de 255 milhões de dólares (216,2 milhões de euros). Somam-se a construção do respectivo ramal ferroviário desde a actual Estação de Baia do CFL ao novo aeroporto internacional de Luanda (num total de 15 quilómetros), por 162,4 milhões de dólares (137,7 milhões de euros). Já o programa de obras e intervenções nos acessos viários ao novo aeroporto está avaliado em 692,7 milhões de dólares (587,2 milhões de euros), envolvendo igualmente empresas chinesas. O novo aeroporto é descrito como um “projecto estruturante fundamental para a concretização da estratégia do Governo angolano, no que concerne ao posicionamento do país no domínio do transporte aéreo na região da África Austral”. Duas das pistas foram concluídas em 2015, assim como a torre de controlo, decorrendo a construção dos terminais, que segundo o Governo angolano deverão receber 15 milhões de passageiros por ano. O projecto é financiado por fundos chineses englobados na linha de crédito aberta por Pequim para permitir a reconstrução de Angola, depois de terminado um período de três décadas de guerra civil.