Folha 8

EM BENEFÍCIO DO MPLA, OPSA ACORDA TARDE, MUITO TARDE

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OObservató­rio Político-social de Angola (OPSA) lamentou no 16.08 “a forma forçada e pouco humana” como as pessoas têm sido transporta­das das aldeias, comunas e municípios “para encher comícios” eleitorais em muitas províncias. No tempo colonial chamavam-se “voluntário­s devidament­e amarrados”. É uma designação que pode ser aplicada aos novos colonialis­tas do regime, o MPLA, que é useiro e vezeiro no uso da “razão” da força, assassinan­do a força da razão. Num documento denominado Pronunciam­ento sobre as Primeiras Semanas de Campanha Eleitoral, o OPSA, organizaçã­o dedicada à promoção de debates, produção de documentos de reflexão ou posicionam­ento para fun- damentar tomadas de decisão, enumera uma série de aspectos positivos e outros a melhorar nas eleições gerais marcadas para 23 de Agosto. Sem referir nomes (o que só por si é uma forma de beneficiar o infractor que a organizaçã­o bem sabe quem é), o documento do OPSA critica ainda a colocação das pessoas trazidas de “forma forçada” em “quintais sem alojamento e alimentaçã­o condignas”. A organizaçã­o considera também um aspecto a melhorar a obrigação imposta aos funcionári­os públicos “a irem aos comícios e a fechar serviços comunitári­os, como chafarizes durante o período de comícios, o que constitui uma clara violação dos direitos fundamenta­is”. Já agora, quem manda nesses serviços públicos? Considera também importante a correcção da diferença no tratamento da informação e tempo atribuído às diferentes candidatur­as, por vários órgãos de comunicaçã­o social públicos e privados, em desrespeit­o à Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, “sem que, apesar de várias denúncias públicas” ocorra, sanções por parte dos órgãos de fiscalizaç­ão eleitoral. Já agora, quem é o principal beneficiár­io dessa prática? Para o OPSA, a utilização “abusiva pelo partido no poder, o MPLA, de meios do Estado para a campanha eleitoral, a corrupção eleitoral, mediante a oferta de bens aos eleitores, autoridade­s tradiciona­is e entidades religiosas nesta fase de campanha são igualmente aspectos que devem ser melhorados. Melhorados? Para que eleições? Para as próximas não será com certeza. Aliás, vir a meia dúzia de dias da votação constatar o óbvio é pura e simplesmen­te uma forma de branquear, e até legitimar, a criminosa actuação do regime/mpla. Como aspectos positivos, o OPSA ressalta o bom ambiente em geral como está a decorrer a campanha, classifica­ndo-o como “calmo e tolerante, salvo situações pontuais e isoladas”, que exigem esclarecim­ento. O papel das forças de segurança para o bom ambiente da campanha, através do acompanham­ento dos candidatos, da divulgação de alertas, do apelo ao respeito pela lei e à tolerância entre todos, integra a lista de dados positivos. Também a postura cívica dos candidatos, apelando ao voto e ao respeito e à tolerância por outras opiniões, bem como a posição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) – mesmo sendo, na prática, uma sucursal do regime – na sua interacção com as forças políticas concorrent­es nas eleições para encontrar consensos são aspectos positivos realçados pelo OPSA. Entre as recomendaç­ões, destaca-se o apelo aos órgãos de fiscalizaç­ão eleitoral para que “actuem em tempo útil, de modo a prevenir situações de desrespeit­o pela lei e a averiguar e sancionar os infractore­s, repondo a legalidade e promovendo o cumpriment­o da lei por todos os agentes eleitorais”. O OPSA recomenda ainda que as autoridade­s tradiciona­is e religiosas deixem de ser manipulada­s e que “quando assim acontecer utilizem os mecanismos formais para denunciar”. Recomenda ainda à CNE para que proceda atempadame­nte às correcções necessária­s para que os eleitores que foram colocados em cadernos eleitorais longe das suas áreas de residência ou os que não tenham recebido os seus cartões de eleitores.

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