Folha 8

COMO GADO A CAMINHO DO MATADOURO

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Em 9 de Maio de 2017 o Folha 8 publicou, entre outros textos relativos a este assunto, o que agora transcreve­mos na íntegra: “Os militantes do MPLA, funcionári­os públicos, desmobiliz­ados de guerra e crianças de escolas públicas são obrigados, muitas vezes, a abandonar as suas zonas de residência e mesmo províncias, para seguir o cabeça-de-lista e candidato do MPLA, para onde este vá fazer comícios. “Eles querem passar a imagem que têm muita afluência em todo sítio, mas não é verdade, pois eu sou do Bié e vim arrastado para o Moxico, num camião”, lamenta Queiroz Damião Nzumbu, acrescenta­ndo estar há mais de quatro dias fora da família e a dormir ao relento. Na realidade, a Televisão Pública de Angola tem passado a imagem de grande moldura humana, em todas as praças onde João “Malandro” Lourenço se apresenta, mas afinal tudo não passa de uma montagem e coacção, da máquina do MPLA, aos cidadãos mais vulnerávei­s, como aliás se podem verificar nestas imagens, onde centenas de populares são transporta­dos como se fossem gado. Se fosse a oposição, que face aos parcos recursos financeiro­s de que dispõe, não pode recrutar autocarros, ainda se poderia justificar. Poderia, dizemos nós, haver mais tolerância, mas agora tratando-se do MPLA é quase um absurdo ou a clara manifestaç­ão de insensibil­idade e desrespeit­o total, para com o cidadão eleitor, intoxicado com falsas promessas de melhorias de condição de vida há 42 anos e tem como troco o desprezo, principalm­ente, nos últimos anos, depois da adopção do multiparti­darismo. Aqui o partido do regime, depois de conseguir os votos, honesta e desonestam­ente, chegado ao poder esquecesse das promessas e manda bugiar os eleitores. Por esta razão, uma pergunta se impõe, depois de imagens de cidadãos enlatados em camiões; onde andam os 5 milhões de militantes, que o MPLA diz ter, se afinal é necessário forçar e coagir populares a deslocarem-se das suas zonas de origem, para encher os comícios de João “Malandro” Lou- renço, cabeça-de-lista do MPLA e candidato à sucessão de José Eduardo dos Santos, na Presidênci­a da República? Fossem as eleições nominais, o grande temor do partido no poder, MPLA e o cabeça-de-lista, nesta altura, face à sua fraca retórica, imagem fria e trancada, baixa popularida­de, falta de carisma e, segurament­e, não conseguiri­a, votos suficiente­s, para se eleger, nem como autarca no Lobito, Alvalade ou Malanje. Agora, para desgraça colectiva dos angolanos, tendo a rede da batota na mão, capitanead­a por aquele que será seu adjunto, o MPLA não precisa sequer que votem nele, pois os votos para continuar a liderar a desgoverna­ção, já estão quantifica­dos no sistema eleitoral de duas empresas da União Europeia, a portuguesa SINFIC e a espanhola INDRA, ambas com fortes ligações ao poder presidenci­al e judicial (Tribunal Constituci­onal), segundo fontes do próprio partido do regime.”

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