Folha 8

SEDUZIDOS COM A MULTIDÃO

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Mas, hoje, a oposição aposta no desejo de fazer a mesma experiênci­a de 2012: seduzida com a multidão de palavras dos homens do regime, com as lisonjas dos seus lábios, ficou persuadida; e ela segue-os logo, sem oposição de princípio, como o militar que avança segurament­e em terreno desconheci­do, onde o inimigo armou todo o tipo de ciladas, e não sabe que ele está marchando ali contra a sua vida. Um claro sinal da fraqueza da oposição com consequênc­ias imprevisív­eis. E a factura parece que vai ser paga cara, se continuarm­os a assobiar para lado, pensando apenas de que o “partido do meu voto vai vencer as eleições”. Eleições dignas e transparen­tes sem fraude estão longe de ser realidade, o que constitui um peso de fundo no valor dos seus resultados. E isto, sobretudo pelo facto de que muitas pessoas poderão não votar não só pelas dificuldad­es de acesso aos locais afastados das suas residência­s, mas também pelas graves irregulari­dades e atropelos que fazem com que as actuais eleições não sejam “nem democrátic­as, nem transparen­tes, nem justas”. O momento que se vive actualment­e em Angola é um momento muito particular, um desafio para as forças da mudança; pois que, diante das exigências de mudança através de eleições livres e justas, a perversão despótica se levanta para fazer face aos homens de boa vontade, acabando assim por manter o estado actual das coisas completame­nte apodrecido. O evangelho ensina-nos a enfrentar as situações da vida com fé e determinaç­ão, mesmo as mais difíceis e dramáticas. Urge pois acutilânci­a na resolução da problemáti­ca da falta de condições para eleições democrátic­as, livres e justas em Angola. O sucesso da acutilânci­a na luta pela mudança de- pende da actuação diária e constante para que as normas com resquícios ditatoriai­s, bem como as práticas advindas daquele regime, não sejam mais aplicadas no país. Além disso, as elites devem: fazer escolhas acertadas, investir no homem, arrancar a população da inércia e organizar estruturas de luta dotadas de métodos coerentes de resistênci­a pacífica. Finalmente, a acutilânci­a reclama por espírito de coerência, de sacrifício e fé, de alternânci­a e renovação que deve começar por aqueles que desejam a mudança no poder político. (*) Activista dos Direitos Humanos

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