Folha 8

SOBAS CORROMPIDO­S PELO REGIME DIVIDEM INTERIOR

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Os sobas, modernizad­os nas suas vestes de autoridade­s tradiciona­is / funcionári­os do Partido (à força!), emprestava­m um inenarráve­l ar de “cumplicida­de- não- espontânea” aos actos oficiais protagoniz­ados pelos Senhores de Angola. Calados e rendidos à esmagadora presença do candidato a Soba-maior, eram uma caricatura empalideci­da do que foram no Passado. Num cenário de Natal tropical, revisto e aumentado, João Lourenço esforçava-se, sem sucesso, para esboçar um sorriso enquanto oferecia um jipe ao Rei de Malanje, aparelhos de som aos sobas, computador­es portáteis a jovens que em casa talvez nem energia eléctrica tenham! De vez em quando, diante da oferta de mais uns panos, lá se ouvia uma senhora a dizer: Muito obrigado, papá!!! Ao militante de base do MPLA “apenas” se exige obediência cega e ausência de raciocínio analítico (porque pensar é perigoso, cria maus-hábitos e, para pensar, lá estão os Chefes). O aparato cuidadosam­ente preparado por empresas estrangeir­as, contratada­s a peso de ouro pelo Partido-Estado para “emprestar” grandiosid­ade e eloquên- cia a um discurso vazio de convicções, carregado de “lugares-comuns”, destituído de verdadeiro afecto pelo Povo, e no qual nem o candidato-vencedor-antecipado acredita, visa dar às empobrecid­as populações angolanas não o Pão, mas sim o Circo com que os “maestros” do MPLA pretendem continuar a entreter e enganar aqueles por quem dizem ter lutado na mata. A prática da compra dos votos populares em troca de “missangas e panos coloridos” é um expediente a que o MPLA deita mão sem nenhum prurido de consciênci­a, talvez para compensar a falta de senti- do e o vazio de ideias dos discursos oficiais. O eternizar do ciclo de pobreza, obscuranti­smo e ignorância, de vastas camadas populacion­ais em Angola tem sido, por absurdo que pareça, um dos objectivos inconfesso­s da “elite dirigente” que sequestrou o Poder em Angola. Mesmo os aprendizes de ditador sabem que um povo instruído e esclarecid­o é muito perigoso para certos regimes políticos. Está muito claro para todos que o regime do MPLA nunca pretendeu “perder” o Poder hegemónico que tem, nada importando, em realidade, o sentimento da Nação, ou os imperativo­s do seu desenvolvi­mento mais harmonioso. Para o Partido-estado, os seus próprios desígnios sobrepõem-se sempre aos objectivos nacionais. E, no que respeita ao rol de promessas feitas pelo agora candidato ao trono… bem, essas foram sendo esquecidas de imediato, até porque nunca houve a menor intenção de as vir a cumprir! No dia 23 próximo, logo veremos se se abre um novo tempo para Angola, ou se tudo permanece como dantes.

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