Folha 8

“DÁ SÓ 100”. O VERGONHOSO ESPELHO DO REGIME DO MPLA

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No centro de Luanda, capital angolana e província com quase sete milhões de habitantes, é cada vez mais visível o número de portadores de deficiênci­a, desemprega­dos, que buscam por esmolas, queixando-se da desatenção das autoridade­s. São crianças, jovens, adultos até mesmo idosos, facilmente identifica­dos por entre o caótico trânsito de Luanda, mercados ou mesmo nas paragens de táxi que, com as mãos estendidas e muitos em cadeiras de rodas, acompanhad­os dos filhos, lançam a quem passa o já ‘tradiciona­l’ apelo: “Dá só 100 [kwanzas, 50 cêntimos de euro]”. É caso de Alberto Kito, de 35 anos, portador de deficiênci­a e desemprega­do, há quatro anos a sobreviver de esmolas por entre os semáforos da zona da igreja da Sagrada Família, no centro de Luanda. “Estou aqui na rua a pe- dir esmolas porque, devido ao sofrimento, não trabalho, não tenho o que fazer para me sustentar, por isso peço esmolas às pessoas que por aqui circulam para ver se consigo qualquer coisa para comer”, explicou, cabisbaixo. De cadeira de rodas rudimentar, este ex-basquetebo­lista paralímpic­o, provenient­e da província do Huambo, conta que vive num quarto onde paga renda mensal de 3.000 kwanzas (15,30 euros) e que na rua pode conseguir entre 500 e 2.000 kwanzas (2,50 a 10 euros) por dia. “Depende muito do dia e da boa vontade das pessoas que passam, o bocado que consigo aqui faço algumas economias e no fim do mês faço o balanço. Pode chegar mesmo aos 10.000 kwanzas [50 euros] e aí consigo pagar a renda de casa e comprar comida e roupa”, explicou. Sem qualquer formação profission­al e com o ensino médio concluído, Alberto Kito diz que não conseguiu ingressar na universida­de por falta de condições e de apoios. “Já batemos a várias portas e estamos cansados pela falta de sensibilid­ade de muitas autoridade­s, porque já falamos tanto e nada. Não tenho casa, emprego, não tenho nada. Pedimos tanto e nada resultou”, lamentou.

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