Folha 8

INFLAÇÃO ANUAL JÁ VAI NOS 27%

-

OA taxa de inflação em Angola inverteu em Julho quase meio ano de quebras mensais consecutiv­as, aumentando 1,69%, mas com o acumulado a 12 meses a baixar para 27%, ainda praticamen­te o dobro das previsões do Governo para 2017. De acordo com o relatório mensal do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE) angolano sobre o comportame­nto da inflação, os preços subiram de Junho para Julho 1,69%, contra os aumentos de 1,52% em Junho, 1,60% em maio, 1,80% em Abril, e os 1,91% em Março. O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em Julho de 2016, quando, no espaço de um mês, segundo o INE, os preços registaram um aumento médio de 4%. Entre Janeiro e Dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamen­te 42%, segundo os relatórios anteriores do INE com o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN). Nos últimos 12 meses, até Junho, a inflação acumulada tinha descido para 30,5%, registando em Julho nova quebra (acumulada), para 27,29%. A subida de preços em Junho foi influencia­da sobretudo pelos sectores “Bens e Serviços Diversos”, com 3,08%, “Mobiliário, Equipament­o Doméstico e Manutenção”, com 2,83%, “Vestuário e Calçado”, com 2,74%, e “Bebidas Alcoólicas e Tabaco”, com 2,24%. O valor da inflação a um ano é ainda mais do do-

bro da previsão de 15,8% para o período entre Janeiro e Dezembro que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado de 2017. Desde Setembro de 2014, e até final de 2016, que a inflação em Angola não parava de aumentar, acompanhan­do o agravament­o da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacio­nal do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo nomeadamen­te dos alimentos. As subidas de preços no último mês foram lideradas pelas províncias de Benguela (2,15%), Zaire (2,10%), Cunene (2,06%), Lunda Norte (1,99%) e Moxico (1,96%), enquanto na posição oposta figuraram as províncias de Huíla (1,16%), Huambo e Bié (1,20%), Cabinda (1,30%) e Bengo (1,60%). Em Luanda, considerad­a uma das capitais mais caras do mundo, os preços subiram de Junho e Julho 1,77%. O chefe da missão do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, alertou a 22 de Março, em Luanda, para a necessidad­e de medidas que ajudem a diminuir a elevada inflação que o país ainda apresenta. Falando aos jornalista­s após um encontro com o ministro das Finanças, Archer Mangueira, com vista à preparação das consultas anuais ao abri- go do artigo IV, o chefe do FMI para Angola destacou que a inflação angolana “ainda está muito resiliente”, apesar das “políticas muito impor- tantes” aplicadas nos últimos meses pelo Banco Nacional de Angola (BNA). A preocupaçã­o actual do FMI mantém-se à volta da necessidad­e de relançar o cresciment­o económico angolano “de uma maneira duradoura para os próximos anos”, além de baixar a inflação mensal dos actuais 2% a 2,5% ao mês para “níveis mais aceitáveis”, bem como sobre “como continuar a reforçar o sistema bancário e financeiro do país”, explicou o economista. Para Ricardo Velloso, a retirada de circulação de moeda nacional que o BNA tem vindo a realizar é uma das medidas positivas, por ter repercussõ­es também ao nível do corte nas taxas de câmbio no mercado paralelo, que permanecem quase três vezes acima do valor oficial. “É uma medida muito importante, que ajuda no controlo da inflação e ajuda a reduzir o diferencia­l entre a taxa de câmbio do mercado de rua e a taxa oficial”, destacou o chefe da missão do FMI.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola