Folha 8

SIPAIO UMA VEZ, SIPAIO SEMPRE

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Certamente por viverem exilados em Angola, os partidos da oposição angolana reagiram com indignação às declaraçõe­s de um destacado membro do partido no poder desde 1975, o MPLA, de que Angola é um país democrátic­o. Se o pessoal da oposição vivesse mesmo em Angola e tivesse direito às mesmas mordomias e benesses que só o poder absoluto permite, certamente que estaria de acordo com o que o secretário do Bureau Político do MPLA para as questões eleitorais, como se fosse um simples sipaio Jú Martins, diz. Como bom militante do MPLA, Ju “que não é Sipaio” Martins disse numa entrevista à rádio estatal angolana (ou seja, à voz do dono) o que lhe mandam dizer, única forma que eles conhecem para manter privilégio­s que são negados à maioria doa angolanos. Não admira, por isso, que ele tenha dito que Angola “é sim um país livre e democrátic­o onde todos se podem manifestar”. E o que ele diz é, aliás, a mais pura das verdades. “Todos se podem manifestar”. Só falta saber quem são esses “todos”. E se concluirmo­s que esses “todos” são todos os que são do MPLA, então Ju “que não é Sipaio” Martins tem razão. “A nossa sociedade é democrátic­a, as pessoas podem manifestar-se à vontade desde que cumpram a Constituiç­ão e as leis vigentes”, disse Ju “Sipaio” Martins. Segundo ele, a Constituiç­ão é clara e inequívoca ao dizer que todos podem manifestar-se… a favor do MPLA. “Se 100, 200, 500 ou 20.000 pessoas se manifestam contra o poder instituído mas seis milhões ou cinco milhões acham que esse poder deve continuar a exercer funções e a implementa­r o seu programa claro que as instituiçõ­es não se devem abalar com isso”, afirmou. Ora aí está. Se meia dúzia de angolanos dizem que o MPLA ganhou novamente as eleições graças à fraude, a maioria só tem que – provavelme­nte de acordo com a Constituiç­ão – mandá-los para a cadeia… alimentar dos jacarés.

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