Folha 8

INSTITUCIO­NALIZAR A BATOTA EIS A QUESTÃO

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Ponhamo-nos no lugar do partido do poder. Depois de ter adulterado a contagem de votos em plena impunidade nas eleições de 2008 e de 2012, o problema agora, neste recente pleito, era como evitar que a verdade pudesse vir ao de cima, Uma possibilid­ade seria executar o mesmo plano que tanto sucesso teve nesse ano de 2008 e foi cuidadosam­ente aprimorado nas eleições gerais de 2012. Outra solução seria a de não fazer batota, mas aí os riscos ainda seriam maiores, na medida em que a queda do MPLA poderia ser tão grande que talvez nem sequer desse para ultrapassa­r a fasquia dos 50% de votos na primeira volta. Eles sabiam. Portanto, alea jacta est, a batota começou cedo. Para começar fomos espectador­es duma frenética propaganda partidária que se estendeu no tempo desde 2012 até aos dias de hoje e foi pontua- das pela decisão de ser o MAT (Ministério da Ad- ministraçã­o do Território) a fazer o que não lhe cabe fazer, pelo menos segundo o que está escrito na própria Constituiç­ão de Angola. Caso bicudo. Felizmente, JES, que já deu o mote várias vezes e por certo daria mais uma ou duas de mão na nova-velha táctica de sempre, baseada invariavel­mente no apelo aos fantasmas da guerra civil e na diabolizaç­ão, desta vez não só do partido do Galo Negro, mas também no denegrimen­to da coligação CASA-CE. A rotina, se ele tivesse ficado a governar, mas não está, embora ainda, talvez, esteja, numa maneira de actuar que lhe é caracterís­tica! A essa clássica «malandrice» com ares de ser em defesa dos valores patriótico­s juntar-se-iam, nessa ideia de gerir as eleições, o «Bulldozer M», com JES à cabeça e toda a clique partidária a segui-lo em «améns», o dinheiro, em expensas astronómic­as de propaganda – só na campanha eleitoral 70% do Estado e 30% de empresas privadas -, a compra de opiniões, os contratos com arautos «lá de fora», convidados para dar piropos à governança, e, claro está, a imprensa estatal e a sacrossant­a e imprescind­ível mentira, ou melhor, o esquecimen­to de todos os factos agravantes denunciado­res da assustador­a incapacida­de dos agentes do Estado de se comportare­m nos limites da honra, da honestidad­e e do sentido de Estado, uma vez que as suas vestes de servidores do povo angolano, embora sejam curtas, obediência a JES obriga, eles enviaram-nas ao alfaite M, que lhes juntou mangas para meter trunfos e bolsas para o dinheiro!

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