MÁFIA ELEITORAL DA CNE ESCONDEU RECLAMAÇÕES DA OPOSIÇÃO
Já em relação à reclamação conjunta das forças políticas concorrentes, a sucursal do MPLA considerou que muitas delas “voltam ao passado”, nomeadamente à forma de contratação das empresas (Indra e Sinfic) que prestam apoio tecnológico e material à fraude do processo eleitoral, a auditoria ao Ficheiro Informático de Cidadãos Maiores (FICM) a base de dados do registo eleitoral, de competência do Ministério da Administração do Território. Para a CNE, estes factos não são novos, já foram tratados, além de as reclamações “serem obscuras, deficientes e denotarem uma falta de clareza e de objectividade”. Mais uma vez Júlia Ferreira faz sua a perspicácia intelectual do seu patrono e patrão, o MPLA. Isto porque transparência, clareza e objectividade constituem o ADN do Tribunal Constitucional do Kénia. Ah! Mas estamos a falar de Angola, não é? “Os partidos políticos concorrentes têm em posse actas das operações eleitorais, dos apuramentos provinciais e em nenhuma dessas actas de apuramento provincial constam reclamações não resolvidas, o mesmo acontece em relação às actas das operações eleitorais, por isso é que nem sequer foram deduzidos elementos de prova”, disse Júlia Ferreira, esquecendo-se do princípio da honestidade e reconhecer por ordens superiores de Luanda e do MPLA, as Comissões Provinciais Eleitorais não enviaram as reclamações dos partidos da oposição, precisamente, para que eles não as pudessem anexar, nas reclamações junto do Tribunal Constitucional. “Granda máfia”! Certamente por esquecimento, ou manifesta humildade, a porta-voz da sucursal do MPLA esqueceu-se de referir que o seu poder de argumentação (mesmo sendo uma mera reprodução de “ordens superiores”) é de tal gabarito que já é tese de doutoramento pelo menos na Universidade Kim Il-sung e na Universidad Nacional da Guinea Ecuatorial. De acordo com a porta-voz, junto a estas reclamações deviam já ter sido apensos os elementos de prova, “contudo isso não se verificou”, sendo que “estas reclamações são apresentadas de forma isolada, muitas delas nem sequer têm enquadramento legal, outras têm enquadramento legal desviado”. Por tudo isso o MPLA mandou a CNE dizer que considera que são “manobras dilatórias, um mero exercício vicioso, no sentido de tentar perturbar a estabilidade do processo eleitoral”. Por fim, recorde-se a independência de Júlia Ferreira que substituiu em Agosto de 2010 Adão de Almeida como porta-voz da CNE, organismo que já integrava como comissária indicada pelo… MPLA, partido de que é militante desde os seus 19 anos de idade e gestora de negócios “subterrâneos” de alguns dos seus mais altos dirigentes, como denúncia pública, feita recentemente, pelo Makaangola.