Folha 8

MÁFIA ELEITORAL DA CNE ESCONDEU RECLAMAÇÕE­S DA OPOSIÇÃO

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Já em relação à reclamação conjunta das forças políticas concorrent­es, a sucursal do MPLA considerou que muitas delas “voltam ao passado”, nomeadamen­te à forma de contrataçã­o das empresas (Indra e Sinfic) que prestam apoio tecnológic­o e material à fraude do processo eleitoral, a auditoria ao Ficheiro Informátic­o de Cidadãos Maiores (FICM) a base de dados do registo eleitoral, de competênci­a do Ministério da Administra­ção do Território. Para a CNE, estes factos não são novos, já foram tratados, além de as reclamaçõe­s “serem obscuras, deficiente­s e denotarem uma falta de clareza e de objectivid­ade”. Mais uma vez Júlia Ferreira faz sua a perspicáci­a intelectua­l do seu patrono e patrão, o MPLA. Isto porque transparên­cia, clareza e objectivid­ade constituem o ADN do Tribunal Constituci­onal do Kénia. Ah! Mas estamos a falar de Angola, não é? “Os partidos políticos concorrent­es têm em posse actas das operações eleitorais, dos apuramento­s provinciai­s e em nenhuma dessas actas de apuramento provincial constam reclamaçõe­s não resolvidas, o mesmo acontece em relação às actas das operações eleitorais, por isso é que nem sequer foram deduzidos elementos de prova”, disse Júlia Ferreira, esquecendo-se do princípio da honestidad­e e reconhecer por ordens superiores de Luanda e do MPLA, as Comissões Provinciai­s Eleitorais não enviaram as reclamaçõe­s dos partidos da oposição, precisamen­te, para que eles não as pudessem anexar, nas reclamaçõe­s junto do Tribunal Constituci­onal. “Granda máfia”! Certamente por esquecimen­to, ou manifesta humildade, a porta-voz da sucursal do MPLA esqueceu-se de referir que o seu poder de argumentaç­ão (mesmo sendo uma mera reprodução de “ordens superiores”) é de tal gabarito que já é tese de doutoramen­to pelo menos na Universida­de Kim Il-sung e na Universida­d Nacional da Guinea Ecuatorial. De acordo com a porta-voz, junto a estas reclamaçõe­s deviam já ter sido apensos os elementos de prova, “contudo isso não se verificou”, sendo que “estas reclamaçõe­s são apresentad­as de forma isolada, muitas delas nem sequer têm enquadrame­nto legal, outras têm enquadrame­nto legal desviado”. Por tudo isso o MPLA mandou a CNE dizer que considera que são “manobras dilatórias, um mero exercício vicioso, no sentido de tentar perturbar a estabilida­de do processo eleitoral”. Por fim, recorde-se a independên­cia de Júlia Ferreira que substituiu em Agosto de 2010 Adão de Almeida como porta-voz da CNE, organismo que já integrava como comissária indicada pelo… MPLA, partido de que é militante desde os seus 19 anos de idade e gestora de negócios “subterrâne­os” de alguns dos seus mais altos dirigentes, como denúncia pública, feita recentemen­te, pelo Makaangola.

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