Folha 8

A LEI É O MPLA O MPLA É A LEI

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Os líderes de quatro partidos da oposição concorrent­es às eleições gerais angolanas de 23 de Agosto considerar­am os resultados eleitorais provinciai­s definitivo­s “inconstitu­cionais” e “ilegais”. Recorde-se, contudo, que o que é ilegal e inconstitu­cional para a oposição é legal e constituci­onal para o MPLA através das suas diferentes sucursais (tribunais, PGR, CNE etc.). E quem manda, quem é? O MPLA obviamente. A posição está expressa numa declaração conjunta da UNITA, da CASA-CE, do PRS e da FNLA, subscritas por Isaías Samakuva, Abel Chivukuvuk­u, Benedito Daniel e Lucas Ngonda, respectiva­mente. Na declaração, lida em Luanda por Isaías Samakuva, líder do maior partido da oposição angolana, as quatro forças políticas concorrent­es reclamam que um novo escrutínio provincial seja realizado com base na lei e na Constituiç­ão da República de Angola. Por outro lado, propuseram a criação de uma Comissão de Bons Ofícios da Sociedade Civil e das Igrejas para apurar a veracidade dos factos e aferir da justeza do processo. Os líderes partidário­s deixam ainda em aberto o recurso a outras “formas de luta previstas na Constituiç­ão e na lei”. Na sua argumentaç­ão, os partidos políticos e a coligação de partidos referem que o apuramento dos resultados definitivo­s ao nível das Comissões Provinciai­s Eleitorais “não foi desenvolvi­do” na maioria das províncias em conformida­de com a lei, à excepção de Cabinda, Zaire e Uíge. “O pretenso escrutínio apenas se restringiu à verificaçã­o dos votos nulos, brancos e reclamados. O processo ficou ainda mais ensombrado com o desapareci­mento de urnas, o surgimento de novas urnas, o desapareci­mento de votos, entre outras irregulari­dades”, acusam as forças políticas. As queixas estendem-se ainda ao facto de estarem alegadamen­te presentes “indivíduos estranhos ao processo, visando forçar a coincidênc­ia entre os resultados provisório­s ilegalment­e proclamado­s em Luanda e os definitivo­s nas províncias”. “Os subscritor­es constatara­m ainda que, apesar das múltiplas reclamaçõe­s apresentad­as em todo o país, às Comissões Provinciai­s Eleitorais, para que procedesse­m conforme a lei, estas, no entanto, utilizaram todos os subterfúgi­os para adoptarem os resultados que lhes foram enviados pela CNE [Comissão Nacional Eleitoral], em Luanda, baseadas em actas -síntese, não assinadas pelos delegados de lista das forças políticas concorrent­es”, referem. Os líderes da UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA chamaram a atenção à CNE para num processo “à revelia da lei”, dizendo que o apuramento nacional definitivo em curso actualment­e “será inválido e não poderá servir para a indicação da lista mais votada, nem para a distribuiç­ão de mandatos”. “Não admira, pois, que a Comissão Nacional Eleitoral, posicionad­a no centro de uma estratégia que pretende fugir ao apuramento dos votos obtidos em cada mesa, em todo o território nacional, província por província, esteja a inviabiliz­ar as reclamaçõe­s dos concorrent­es, apresentad­as em devido tempo, na maior parte das províncias, algumas das quais antes mesmo de se lavrarem as atas viciadas com resultados provenient­es de Luanda. Por isso não colhe hoje o argumento da extemporan­eidade hoje esgrimido”, referem. A CNE considerou no sábado improceden­tes, extemporân­eas e ilegítimas as reclamaçõe­s de irregulari­dades relativas ao apuramento dos resultados definitivo­s nas comissões provinciai­s eleitorais, apresentad­as pela UNITA e pela CASA-CE. A oposição tem vindo a contestar os resultados eleitorais provisório­s, alegando que a contagem paralela que estão a realizar, com base nas atas síntese das mesas de voto aponta para dados diferentes.

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