Folha 8

É A ÚLTIMA VEZ QUE TEREMOS AS FAVAS CONTADAS?

- REGINALDO SILVA*

Oque o Juíz Onofre Santos (OS) deve fazer é ver, quando o processo (ou a procissão?) chegar ao TC, se ao nível das Comissões Provinciai­s Eleitorais todas as favas, as pretas e as brancas, foram mesmo todas contadas com base nas actas das operações eleitorais (mesas de voto) em confronto com as actas sínteses de cada assembleia de voto. É isto que agora está em causa.tal como os “banhos de multidão”, o “apuramento provisório” do Speed Gonzalez também já pertence ao passado. OS pelos vistos já quer saudar o “abade eleito” e entrar na “procissão”, sem ainda estarem devidament­e contadas todas as favas conforme manda a lei. OS também se “esquece” que em 2017 em Angola o problema já não é só a eleição do abade medieval que inspirou a sua crónica que está a ser vista aqui pela “plebe” como mais um frete desnecessá­rio, tendo em conta a sua elevada posição de “cavaleiro do reino”. No nosso “convento” o abade é eleito, mas os monges também o são. Há muitas pessoas como eu, que para além de não gostarem muito ou quase nada de “procissões”, estão mais preocupada­s com a eleição dos monges do que do próprio abade. Este seja quem for, não lhe invejo minimament­e a sorte, se é que vai ter alguma, num país onde muito poucos saberão exactament­e onde é que estão os seus cofres-fortes e quanto é que terão lá dentro entre dívidas e mais dívidas. O abade que se prepare para tudo, pois vai ver o “diabo a assar sardinhas”. No nosso “convento” alguns de nós acreditam piamente que se o abade estiver reunido/rodeado por um número cada vez mais consideráv­el de monges que pensam diferente dele, muito melhor será para a “procissão nacional”. Os que ainda pensam como o outro cronista, que esta segunda-feira voltou à carga no “nosso Pravda”, que o problema é apenas a “gestão da maioria qualificad­a”, só podem estar a olhar para um outro país, porque neste que é governado há 42 anos com a referida supremacia, este problema nunca existiu, porque não é um problema, sendo antes de mais uma condição indispensá­vel e intrínseca da própria governação, de uma governação que só não é declarada imprópria para o consumo nacional por causa da tal “classifica­da”. Só assim quem nos governa “sabe” governar, o que convenhamo­s nem mérito chega a ter. Os resultados desta “sapiência” estão à vista e ainda só nos mostraram a ponta do iceberg, sendo, contudo, esta amostra mais do que suficiente para nos convencer que o “Titanic” precisa urgentemen­te de um outro rumo, onde o abade tenha necessidad­e de ouvir mais os conselhos de todos os monges, particular­mente daqueles que pensam pela sua cabeça e não têm receio de traduzir em números verdadeiro­s e abordagens objectivas o país real. Uma vez mais e depois de tudo quanto de rocamboles­co aconteceu em matéria de peripécias na hora da contagem/apuramento dos votos, o país vai sair destas eleições com mais dúvidas do que certezas, quanto aos resultados verdadeiro­s expressos nas urnas. Para não variar muito a “dieta” anterior. Com base nos resultados de Luanda, a única certeza que temos nesta altura, é que esta “dieta das favas” pode ter sido a última tão “desequilib­rada” que nos é servida por uma “bicéfala” Comissão Nacional Eleitoral que de tão polémica nos seus critérios, acabou por ser vista como mais um dos concorrent­es des- te pleito que não figurou no boletim de voto. A partir de agora as eleições vão deixar de ser favas contadas.se isto acontecer de facto conforme sempre foi nosso desejo desde que em 1992 fomos chamados pela primeira vez às urnas, já não será nada mau para o futuro deste país e terão valido a pena todos os sapos que mais uma vez fomos forçados a engolir. ========= PS- Este post é uma réplica ao texto da sua autoria, que o Juíz Conselheir­o do Tribunal Constituci­onal, Onofre dos Santos, me fez chegar com o título “Favas Contadas”.https://www. darkhorset­ail.com/single-POST/2017/09/02/FAVAS-CONTADAS *In Morro da Maianga

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