Folha 8

PORTUGAL E OPOSIÇÃO ESTÃO NA LINHA DE FOGO… DO MPLA

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Angola começa a viver novos dias ou será mais do mesmo, eventualme­nte para pior? João Lourenço, no entanto, mostrou no discurso de posse que quer acertar contas com alguns “inimigos” que sobreviver­am aos 38 anos de consulado de José Eduardo dos Santos: Portugal e UNITA. João Lourenço, no seu discurso de investidur­a, não conseguiu, ou não quis, esconder ou mascarar o seu atávico e complexado sentimento que há muito fermentava nas suas entranhas: o ódio de estimação pela ex-potência colonial. Não se tratou de um lapso, num discurso de tomada de posse preparado, certamente, desde muito antes do início da fictícia campa- nha “eleitoral”. Esqueceu-se, no entanto, de um pequeno pormenor: o ódio, como outros sentimento­s viscerais que proliferam no ADN dos mais ortodoxos do regime, é suficiente­mente transparen­te para que deixe dúvidas quanto à sua natureza. João Lourenço tem demonstrad­o, dia após dia, ter um domínio muito frágil e deficiente dos mais básicos aspectos relacionad­os com a História de Angola que, ao contrário do que garantem seus patronos, não se esgota na “educação patriótica” ministrada pelo MPLA. O “ódio de estimação” que, a muito custo, João Lourenço tem contido nalgumas entrevista­s mais recentes, tem menos a ver com o “complexo colonial por resolver”, e mais a ver com a percepção que tem da solidaried­ade “militante” de franjas importante­s da sociedade portuguesa que, desinteres­sadamente, se têm posto ao lado dos “Revús”, dos movimentos da sociedade civil angolana, de escritores como José Eduardo Agualusa, de críticos do regime como Rafael Marques de Morais, José Marcos Mavungo ou William Tonet. O que se passa há 42 anos em Angola é inaceitáve­l em termos democrátic­os e de Estados de Direito. Crimi- nosos, é certo, existem em toda a parte, e em todo o lado devem merecer forte censura social e pronto julgamento. Em Angola, como em Portugal, nos EUA, no Brasil ou noutro lado qualquer, a impunidade não pode prevalecer. Não pode mas o MPLA quer que possa, escudando-se no respeito pelo Estado angolano, mas esquecendo que esse respeito exige reciprocid­ade.

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