PRIMEIRA VÍTIMA DE JOÃO LOURENÇO?
JORNALISTA DO FOLHA 8 DETIDO
Ocabeça-de-lista do partido mais votado (MPLA) nas eleições gerais de 23 de Agosto de 2017, sem o apuramento do escrutínio em 15 das 18 províncias do país, João Lourenço tomou posse como o terceiro dirigente do MPLA, na qualidade de presidente da República. Numa mega cerimónia, a passagem do testemunho não teve o calor aguardado, por ser o primeiro entre vivos, mas o presidente do Tribunal Constitucional emergiu como paladino ideológico do partido no poder, com um discurso político digno de registo, vaticinando já a sua ascensão futura, na estrutura do MPLA ou do executivo. Foi triste. Deplorável, mas denunciador da veia partidocrata e do carácter parcial do Tribunal Constitucional, que actua sempre a favor do regime, mesmo quando este viola a Constituição e a lei. Daí não ser de estranhar a musculação (alimentada por esteróides anabolizantes) contra o Folha 8, que depois de estar devidamente credenciado foi impedido de cobrir o evento, tendo ainda visto o seu jornalista e chefe de redacção (Pedro Teca) ser preso, pelo único crime: ser do Folha 8. “A descrição de ter sido a primeira vítima do regime do novo presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, resulta da minha detenção ocorrida a 26.09.2017, durante o acto de investidura, no Memo- rial António Agostinho Neto, também denominada Praça da República”, conta o Pedro Teca, acrescentando: “Estive no local do evento, como jornalista do Folha 8, tal como os cerca de 20 jornalistas de outros órgãos (que pude ver), quando, de repente, fui abordado e “removido” do local, por agentes, alegadamente, dos serviços de Protocolo ou mais parecidos como da Segurança de Estado, com credenciais protocolares, tendo-me dito, no primeiro acto, ser a abordagem um exercício normal e que apenas pretendiam verificar a autenticidade da minha credencial”. “Mas, ao invés da verificação, os diligentes agentes da Segurança, perdão, do Protocolo, bom agora pouco importa, pois tudo os incrimina, retiraram-me a credencial, detendo-me entre as 12 e as 14 horas, sem o cometimento de nenhum crime, pois fomos acreditados oficialmente, após deferimento de uma carta prévia endereçada ao Cerimonial da Presidência da República, que deferiu positivamente, credenciando dois jornalistas. Daí ter estranhado esse comportamento, exclusivamente contra o jornalista do F8, num dia histórico em que o novo Presidente da República, no primeiro discurso, apelou ao respeito e intolerância às críticas, particularmente dos jornalistas, no caso, um, que nem sequer o havia criticado, mas já estava a inaugurar as masmorras da Praça da República”, afirma Pedro Teca.