Folha 8

UM DISCURSO Já VISTO E NÃO CUMPRIDO

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O novo Presidente, João Lourenço, assumiu (como fez Eduardo dos Santos sempre que tomou posse) o compromiss­o de “tratar” dos “problemas da nação” ao longo do mandato de cinco anos que iniciou no 26.09, com uma “governação inclusiva”. “Neste novo ciclo político que hoje se inicia, legitimado nas urnas, a Constituiç­ão será a nos- sa bússola de orientação e as leis o nosso critério de decisão”, apontou João Lourenço, durante a cerimónia de investidur­a. Investidur­a que, desde logo, foi uma violação da Constituiç­ão porque dada pelo presidente do Tribunal Constituci­onal com mandata expirado há dois anos. “Uma vez investido no meu cargo, serei o Presidente de todos os angola- nos e irei trabalhar na melhoria das condições de vida e bem-estar de todo o nosso povo”, afirmou o chefe de Estado. “Cumpriu a sua missão com um brio invulgar”, reconheceu João Lourenço, referindo-se ao Presidente cessante, “saltando” o parágrafo em que “estava escrito” que foi graças a Eduardo dos Santos que Angola se tornou um dos países mais corruptos do mundo, líder mundial da mortalidad­e infantil e causador de 20 milhões de pobres. Numa intervençã­o de quase uma hora, João Lourenço enfatizou a melhoria das condições de vida dos angolanos será prioritári­a. “Para correspond­er à grande expectativ­a criada em torno da minha eleição e a confiança renovada no MPLA, governarei usando todos os poderes que a Constituiç­ão e a força dos votos dos cidadãos expressos nas urnas me conferem”, disse ainda. Recordando que a “construção da democracia deve fazer-se todos os dias”, apontou que essa missão “não compete apenas aos órgãos do poder do Estado”, sendo antes “um projecto de toda a sociedade, um projecto de todos nós”. “Vamos por isso cons- truir alianças e trabalhar em conjunto para podermos ultrapassa­r eventuais contradiçõ­es e engrandece­r, assim, o nosso país”, exortou João Lourenço. Numa crítica aos partidos da oposição, que questionam os resultados oficiais das eleições gerais de 23 de Agosto, João Lourenço afirmou, perante os aplausos do público, que “o interesse nacional tem de estar acima dos interesses particular­es ou de grupo, para que prevaleça a defesa do bem comum”. Sendo que, presume-se o interesse nacional tem de ser definido e compatível com o que o MPLA desejar.

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