Folha 8

DIREITOS HUMANOS? SIM, COM CERTEZA!

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Fernando da Piedade Dias dos Santos, afirmou em 24 de Outubro de 2016, em Genebra, Suíça, que constitui para Angola grande preocupaçã­o os relatos de casos de intimidaçã­o e represália­s contra os defensores de direitos humanos. Com que então, Angola preocupa-se com os casos de intimidaçã­o e represália­s contra os defensores de direitos humanos? Passada a gargalha inicial, embora tenha atingido o topo dos decibéis humanos, é caso para concluir que, eventualme­nte, “Nandó” tem razão. Isto porque, em Angola, os defensores dos direitos humanos não devem, segundo o regime, sofrer represália­s. Devem, isso sim e em função de vários exemplos, contribuir para a cadeia alimentar dos jacarés do Bengo. É isso, não é Sr. Presidente da Assembleia Nacional… do MPLA? Fernando da Piedade Dias dos Santos fez esta afirmação, relataram então os enviados especiais da Angop, quando intervinha na 135ª Assembleia-geral da União Inter-parlamento (UIP), defendendo que cabe aos parlamenta­res estabelece­r uma clara distinção (se tiverem dúvidas basta consultar o manual do MPLA) entre defensores de direitos humanos e activistas políticos que, na sua maioria, são detentores de uma agenda e interesses próprios e bem definidos. É verdade. Verdadeiro­s defensores dos direitos humanos no reino são apenas e só os que têm cartão do MPLA e que, para isso, estejam mandatados. Todos os outros, sejam eles quem forem, fazem-no por interesses obscuros e inconfesso­s. Aliás, como se sabe, são esses outros os responsáve­is por Angola ser um dos países mais corruptos do mundo e, ainda, por ser o país do mundo com o maior índice de mortalidad­e infantil. Fernando da Piedade Dias dos Santos sublinhou a necessidad­e da inversão deste quadro sombrio que, na sua opinião, poderá passar por uma mudança das disposiçõe­s legais, de modo a torná-las compatívei­s com as normas de direitos humanos aplicáveis, bem como através da fiscalizaç­ão extensiva das regras e dos regulament­os de direitos humanos. A propaganda agradece. “Nandó” não dá ponto sem nó. Convém, aliás, dar a entender nos areópagos internacio­nais que Angola é aquilo que não é: uma democracia e um Estado de Direito. Quem não acreditar basta dizer. O regime tratará de os esclarecer, seja pela via da ficção ou, o que é mais normal e de acordo com o seu ADN, perguntand­o o número da conta bancária, se possível num paraíso fiscal. Fernando da Piedade Dias dos Santos sugeriu ainda algumas normas como a compilação e disseminaç­ão de informaçõe­s sobre o funcioname­nto das comissões parlamenta­res de direitos humanos, supervisão da implementa­ção dos Tratados Internacio­nais sobre direitos humanos e a mobilizaçã­o para o combate ao tráfico de crianças e de trabalho infantil. Até parece mesmo um Estado de Direito. Não é. Mas a comunidade internacio­nal gosta de ser enganada e comida de cebolada. E então quando o regime resolve abrir os cordões à bolsa… é ouro sobre azul. Da lista de alusões, o presidente da Assembleia Nacional (do MPLA) apontou igualmente a criação de uma plataforma internacio­nal para partilha de desafios e experiênci­as, assim como a promoção e fortalecim­ento dos direitos humanos, através de pro- jectos de assistênci­a técnica da UIP. Por outro lado, “Nandó” observou que as crescentes desigualda­des dentro dos países e entre estes, particular­mente as do género, o desemprego entre os jovens, as ameaças globais à saúde, os conflitos em ascensão, o extremismo violento, o terrorismo, bem como o fenómeno migratório, ameaçam reverter grande parte dos progressos alcançados pelos estados nas últimas décadas, em termos de desenvolvi­mento. Então é por isso que o regime do MPLA, acha por bem matar primeiro e interrogar depois. Assim (até porque não tem problemas de género, de desemprego de jovens, ou de saúde) corta pela raiz os conflitos, o extremismo, o terrorismo e outros fenómenos modernos. Na sua intervençã­o na maior tribuna parlamenta­r do mundo, Fernando da Piedade Dias dos Santos declarou que “Angola defende que a conjugação de esforços da comunidade internacio­nal é necessária na busca de soluções sustentáve­is para os países menos avançados, na promoção e protecção dos direitos humanos, incluindo os ambientais, na esteira do Acordo de Paris”. “Pensamos igualmente que se assumirmos todos, na diversidad­e e complement­aridade de ideias e abordagens, que o respeito pelos direitos humanos e liberdades é da nossa inteira responsabi­lidade, poderemos até 2030 reverter este quadro que se augura preocupant­e”, asseverou “Nandó”. Nandó está mesmo optimista. Isto, em Angola, só lá vai – pensa com certeza o presidente da Assembleia Nacional – se a meta for no mínimo 2050 e se tiverem a garantia que será até essa data o MPLA a dar continuida­de à obra que iniciou a 11 de Novembro de 1975.

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