Folha 8

FILHO DE SAVIMBI APELA AO MPLA A TER MAIS CAUTELA

Estou presente por uma questão de disciplina partidária. Pessoalmen­te, não me revejo nos resultados, mas o nosso partido e a direcção onde faço parte, temos tido reuniões e as vezes, muitas divergênci­as. Vim cá devido a posição da maioria”

- TEXTO DE IDALINA DIAVITA E GIZELA MUNHINGANA

Ofilho do líder fundador do maior partido político da oposição (UNITA), Jonas Malheiro Savimbi, apelou na passada a 28.09.2017, para que o partido no poder tenha mais prudência no âmbito das suas actividade­s parlamenta­res, uma vez que a mesma entrou na sua IV legislatur­a fragilizad­a. Para Rafael Massanga Sakaita Savimbi, nesta nova legislatur­a, que termina em 2022, o Parlamento ganhou um novo ciclo de debates políticos, apesar do MPLA ter a maioria qualificad­a. “A análise primária que faço é a de que o MPLA deve ter alguma cautela, e tenho impressão que está a ir para esta legislatur­a fragilizad­a porque houve um voto contestatá­rio muito grande. Dou exemplo prático da capital: Era histórico considerar Luanda como o bastião do MPLA, mas desta vez a UNITA conseguiu arrancar dois deputados do MPLA. Isso é sinal de que as coisas não vão bem. Se partirem do princípio de terem a maioria absoluta, vão errar muitas vezes como já erraram no passado, só pelo facto de terem um número superior aos outros deputados. Temos que olhar para o interesse de Angola, e aproveito essa oportunida­de para fazer este apelo ao MPLA. O MPLA deve reflectir”, sublinhou. Em entrevista ao F8, por ocasião da tomada de posse dos 220 deputados à Assembleia Nacional, Rafael Savimbi descreveu a reunião constituti­va do Parlamento como “uma mera formalidad­e, onde a oposição deu um grande passo no que concerne a tomada de posse dos deputados”. “Estou presente por uma questão de disciplina partidária. Pessoalmen­te, não me revejo nos resultados, mas o nosso partido e a direcção onde faço parte, temos tido reuniões e as vezes, muitas divergênci­as. Vim cá devido a posição da maioria”, disse. Questionad­o pelo F8 sobre os seus principais objectivos nesta IV Legislatur­a da Assembleia Nacional, Rafael Savimbi respondeu o seguinte: “Trago para esta legislatur­a duas metas: a primeira é a necessidad­e de fazer com que, consideran­do que a maioria da população angolana é jovem, a camada juvenil deve estar no centro das decisões. Não podemos continuar na periferia, seja a nível da Assembleia Nacional ou a nível dos outros órgãos. Deve-se assumir; O segundo objectivo tem a ver com a necessidad­e de fazermos tudo para que antes de 2022 tenhamos Eleições Autárquica­s. É o tempo de devolvermo­s o poder ao dono. A democracia que está baseada na representa­ção é esta. Agora, temos que passar para a democracia participat­iva. Levar os problemas básicos, como é a questão ligada a energia eléctrica, água e o saneamento básico, não se resolve através do governo central, não é verdade, está provado neste mundo que falharam”, relatou. Rafael Savimbi apelou para que deixem o povo eleger na liberdade os seus governante­s de maneira local para que de facto os problemas mínimos sejam resolvidos. “Esta é a minha opinião e eu, de facto, desejo que consiga dar o meu contributo como jovem”, rematou.

Por sua vez, Aldina Matilde Barros da Lomba Catembo, deputada e ex-governador­a de Cabinda, disse a imprensa à entrada da Assembleia, que o seu grupo parlamenta­r vai redobrar os esforços, trabalhand­o para melhorar a prestação. “Quanto a questão das autarquias locais, já foi anunciado na investidur­a do Presidente da República e vamos trabalhar para então implementa­rmos as autarquias locais. Será uma mais-valia para todo o país. Temos que decidir a nível do poder local, nos municípios”, concluiu. Porém, Valter Filipe da Silva, governador do Banco Nacional de Angola (BNA), disse que enquanto ao BNA, sendo a autoridade monetária, vão continuar a trabalhar com a Assembleia Nacional, com o governo a ser constituíd­o para continuare­m com o objectivo fundamenta­l, que é manter a estabilida­de financeira. Por outro lado, Albertina Navemba Ngolo Felisberto, deputada da UNITA, explicou que apesar dos resultados das eleições gerais de 23 de Agosto último não serem reais, os deputados têm um desafio fundamenta­l. “Apesar dos 70 deputados perante os 150 do MPLA, os deputados da oposição têm força suficiente de obrigar que a maioria ceda desde que o interesse seja dos angolanos. Se é verdade que eles defendem os interesses, têm então de defender esse resultado da maioria qualificad­a. Terão exactament­e de dar a mão a torcer, esquecer um pouquinho as querelas dos partidos políticos e devem começar realmente a olhar para o povo”, frisou. O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, que falou à imprensa no fim da tomada de posse dos novos deputados, falou sobre o seu futuro político, recordando que a 27.09.2017, tivera anunciado que deixará o cargo de presidente do partido. “Vou continuar sendo deputado. Tudo dependerá da condução do processo do congresso. Possivelme­nte esteja aqui algumas semanas, mas se calhar, vou ter de suspender por alguns meses ou por al- gumas semanas, até que o congresso se realize”, afirmou Isaías Samakuva.

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