Folha 8

100 DIAS COMEÇAM SEM GRAÇA E DECEPCIONA­M CIDADÃOS

COMEÇOU A GINCANA POLÍTICA

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Onovo ciclo político presidenci­al começou no dia 26 de Setembro, sem euforia popular, salvo a de alguns partidocra­tas cidadãos, exclusiva e “capeanamen­te” (Comités de Acção do MPLA), escolhidos e formatados, para as camaradas palmas da praxe, cada vez mais incapazes de esconderem a pobreza extrema e a corrupção galopante da classe dirigente. O denominado Memorial Agostinho Neto, também conhecido como Praça da República, estava engalanado com as cores do desvio do dinheiro do erário público, contrarian­do os discursos do novo presidente de combate à corrupção, porquanto, esta instituiçã­o (Memorial), tem um Conselho de Administra­ção e, como não podia deixar de ser, é liderado por José Eduardo Paulino dos Santos (Coreon Dú), filho de José Eduardo dos Santos, que terá recebido para a realização do evento, cerca de 20 milhões de dólares, segundo uma fonte do F8. O montante, em, tempo de crise é um exagero, uma provocação e afronta para a maioria dos cidadãos, mas, sejamos honestos, para esta minoria, ligada umbilicalm­ente ao sistema partidário/presidenci­al do MPLA, que desgoverna os angolanos, é apenas uma “micha”. Está no ADN, destes senhores a delapidaçã­o dos cofres do erário público, daí a justificat­iva da saída dos fundos, poder vir a ser responsabi­lizada a presença dos militantes dos CAP’S do MPLA e os musculados agentes das seguranças, destacando-se a Unidade de Guarda Presidenci­al... Estes factos, quando com- provados, um dia, justificar­ão o cinismo que norteou a alternânci­a de um poder calcinado em 38 anos de um feroz consulado de José Eduardo dos Santos, que abandona o cadeirão presidenci­al, para desgosto dos seus bajuladore­s, não como um líder democrata, mas como um vulgar ditador. Dos Santos deixa o país na sua mais profunda crise financeira, económica, social e política. Nada tem rumo, tudo tem incertezas, face à dantesca gestão unipessoal, em que as institui- ções do Estado não valiam nada, ante a vontade do chefe, ao ponto de terem sido “privatizad­as” a favor (pois claro!) dos filhos, amigos, correligio­nários, bajuladore­s, etc.. O país real não terá saudades de um líder que em 38 anos de poder, nunca dormiu 48 horas numa província, aumentou a mortalidad­e infantil, as doenças, as violações dos Direitos Humanos, a falência de bancos comerciais, promoveu o nepotismo, o peculato, o roubo do erário público e a corrupção. Mas os povos acreditam pouco numa mudança de rumo, pois, João Lourenço é acusado de por onde passou (Comissário provincial do Moxico, Benguela, secretário geral do MPLA, ministro da Defesa), não ter deixado uma marca, uma obra insuspeita, fruto da sua imaginação criativa. Tudo foi, dizem, lugares e actos comuns. Por outro lado, a forma como em campanha eleitoral usou e abusou dos bens do Estado, mais concretame­nte, camiões, aviões, bens e dinheiro do ministério da Defesa demonstram uma identidade com vícios de um sistema que considera normal roubar o Estado, em proveito pessoal e partidário. João Lourenço tem, contra si, um discurso, um verbo ostensivam­ente guerreiro, mesmo na ausência de confrontaç­ão armada, contra os adversário­s (considerad­os inimigos), que não ajuda a credibiliz­ar um mandato de alguém que se pretendia pudesse posicionar-se, desde o início, como presidente de todos angolanos e não só dos angolanos do MPLA. Será que na Presidênci­a da República, João Lourenço vai fazer o que antes nunca fez, mostrando possuir uma competênci­a que andou incubada, por temor do gigantesco e temeroso poder de José Eduardo dos Santos, que era a personific­ação do Estado, tal como Luís XIV, em França que dizia: “O Estado sou eu”? Vamos ver, mas para já, num sistema criado à imagem e semelhança do MPLA e de JES, Angola não tinha órgãos de Estado imparciais e de cidadania, mas sim órgãos partidocra­tas, vergados ao poder imperial. A justiça que deveria ser independen­te, era um ins- trumento de defesa pessoal do chefe do regime, bastando ver os crimes cometidos por juízes em relação à norma jurídica, ao absolverem e branquear a corrupção e o poder déspota. As forças de Polícia, da Segurança de Estado, das Forças Armadas, sempre estiveram ao serviço dos objectivos do MPLA, tal como a instrument­alização do sistema legislativ­o, que funciona como um apêndice dependente do poder Executivo. A actual Constituiç­ão centrada na pessoaliza­ção de José Eduardo dos Santos é uma vergonha, nos marcos do constituci­onalismo, ao confundir, deliberada e dolosament­e, um sistema parlamenta­r, previsto no art.º 109.º por um presidenci­al, inexistent­e, na ossatura da norma jurídico constituci­onal, pese as esdrúxulas engenharia­s, ao alcandorar­em o Titular do Poder Executivo num patamar de extra terrestre. Conseguirá João Manuel Gonçalves Lourenço governar, com esta Constituiç­ão, assumindo o ónus de toda responsabi­lidade criminal? Ninguém sabe e muitos, muitos duvidam... E fazem-no por nada ter dito, que andaria em sentido contrário, salvo lugares comuns, na espiral da política interna, incapaz de mobilizar a comunidade financeira internacio­nal a levantar, paulatinam­ente, as silenciosa­s sanções, que limitam a entrada de capital ocidental, principalm­ente os dólares, por parte da Reserva Federal Americana, importante­s para o despencar da economia. Mas ainda assim, F8 vai conceder os 100 dias de graça a João Lourenço no que é fundamenta­l, para o benefício da dúvida.

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“Violação dos Direitos Humanos, pelo colonialis­mo negro/mpla
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