Folha 8

CRUDE ANGOLANO COM DESTINO CERTO: CHINA

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Angola éo terceiro maior destino do financiame­nto chinês além-fronteiras, segundo a unidade de investigaç­ão Aiddata, que aponta que Pequim está perto de igualar Washington como principal fonte de empréstimo­s aos países em desenvolvi­mento. A pesquisa, difundida pela unidade de investigaç­ão Aiddata, da universida­de norte-americana de William & Mary, analisa o financiame­nto oriundo da China, que publica poucos detalhes sobre os fluxos de capital para o exterior. Em 15 anos, e até 2014, Pequim doou ou emprestou 354,4 mil milhões de dólares a outros países. Durante o mesmo período, Os EUA doaram ou emprestara­m 394,6 mil milhões de dólares. Angola surge no estudo da Aiddata como o ter- ceiro maior beneficiár­io do financiame­nto de Pequim, apenas atrás da Rússia e Paquistão, dois países que fazem fronteira com a China, tendo recebido de Pequim um total de 16.556 milhões de dólares (14.011 milhões de euros). A base de dados Aiddata, que reúne milhares de fontes, é analisada por académicos da William & Mary e das universida­des de Harvard e Heidelberg. “Ao nível mais alto, pode-se dizer que os EUA e a China são agora rivais nos gastos, no que toca às suas transferên­cias financeira­s para outros países”, escreve o director executivo da Ai- ddata, Bradley C. Parks. A opacidade do financiame­nto chinês suscita preocupaçõ­es de apoio a regimes corruptos e redução dos padrões de protecção ambiental e direitos humanos, que doadores ocidentais tentam reforçar. A maioria do financiame­nto chinês parece servir o crédito à exportação e outros critérios que visam promover os objectivos chineses, mas produzem pouco beneficio nos países destinatár­ios, segundo Bradley C. Parks. “A maior fatia do financiame­nto não visa permitir um cresciment­o económico significan­te para os países receptores”, afirma. Pequim não participa em sistemas de informação globais sobre financiame­nto. Publicou alguns números em 2011 e 2014, mas com poucos detalhes. David Dollar, economista no Brookings Institutio­n, em Washington, e antigo director para a China do Banco Mundial, considera que os dados da Aiddata revelam que o financiame­nto chinês não descrimina a má governação. Dollar dá os exemplos de Angola, Venezuela e Paquistão. Bradley C. Parks nota que o financiame­nto chinês vai para países que votam alinhados com Pequim nas Nações Unidas. O responsáve­l da Aiddata diz que “isso não parece bem”, mas que uma análise aos EUA e outros países ocidentais demonstra a mesma tendência. “De certo modo, Pequim copiou uma página da cartilha dos tradiciona­is doadores ocidentais”, afirmou Bradley C. Park.

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