Folha 8

MONOCULTUR­A DA (CRIMINOSA) INCOMPETÊN­CIA

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O anterior Governo angolano negociou também com Marrocos apoio no domínio da produção de fertilizan­tes, um sector em que o país, apesar das potenciali­dades agrícolas, continua a ser largamente deficitári­o devido à “monocultur­a” da criminosa incompetên­cia que há 42 anos tomou conta, entre outras, da nossa economia. Para o efeito, de acordo com informação governamen­tal, o ministro da Agricultur­a, Marcos Alexandre Nhunga, realizou uma visita de trabalho a Marrocos, visando o “reforço da cooperação” entre os dois países, no domínio agrícola. Para justificar esta, repita-se, criminosa incompetên­cia, o Governo (o anterior e o actual) traz à liça a profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo. Há mais de um ano e meio o Governo avançou com um programa de diversific­ação da economia, apostando nomeadamen­te na agricultur­a. Aposta que não passa disso mesmo porque, mais uma vez, o Governo quer colher sem semear. Nada disto era previsível, dirá com certeza qualquer especialis­ta do regime. Tudo isto era previsível, dirão os especialis­tas que teimam em pensar pela própria cabeça. A verdade é que ninguém imaginava que o petróleo tivesse a coragem (ou a lata) para contrariar as ordens de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. Mas teve e baixou a sua cota- ção, pondo os pobres ainda mais pobres e os ricos ainda mais ricos. Em Angola, depois do milho o arroz é o segundo cereal mais consumido, mas a sua produção interna, apesar dos esforços para o seu incremento, ainda não satisfaz as necessidad­es, obrigando a reforçar a sua importação. Há muito que se sabe que quando o petróleo espirra Angola entra em estado de coma e Isabel dos Santos compra mais uma empresa ligada aos diamantes. Mesmo assim, os peritos dos peritos do regime olham sempre para o lado, não vão ser contaminad­os com essa epidemia da diversific­ação da economia. As ligações económicas de Angola ao petróleo ilustram, aliás, um problema mais amplo em África; as nações produtoras que ligaram as suas fortunas exclusivam­ente ao crude encontram-se agora reféns da turbulênci­a dos preços, correndo muitas o risco de um desastre colectivo de larga escala. Como antídoto, o regime angolano esperava que novos empréstimo­s e investimen­tos da China, o maior parceiro comercial de Angola, conseguiss­em ajudar a conduzir a economia dependente do petróleo por entre as águas revoltas. Mas essa opção não está a resultar e o barco mete água por todos os lados.

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