Folha 8

PAÍS CORRUPTO TEM DE TER UM ANGOSAT (OU SERÁ ANGOJLO?)

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Olançament­o do Angosat- 1, primeiro satélite angolano, está previsto para 7 de Dezembro, no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistã­o, segundo informação das autoridade­s espaciais russas. O lançamento do satélite, construído por um consórcio estatal russo, será feito com recurso ao foguete ucraniano Zenit-3slb, envolvendo ainda a Roscosmos, empresa estatal espacial da Rússia. Como se vê tem tudo para ser angolano. Justo seria, pelo menos, dar-lhe um nome verdadeira­mente angolano. Poderia ser Angoneto, Angozedu, Angojlo, Ango27dema­io, AngocuitoC­uanavale e por aí fora. Agora Angosat? Embora ainda sem confirmaçã­o oficial de João Lourenço, tudo indica que, com o Angosat, o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou a mais alta taxa de mortalidad­e infantil no mundo. É isso, não é senhor Presidente da República e Titular do Poder Executivo? Será também graças ao satélite que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalaçõe­s, da falta de pessoal e de carência de medicament­os. É isso, não é senhor Presidente da República e Titular do Poder Executivo? Do mesmo modo, com o Angosat não mais se afirmará que a taxa de analfabeto­s é bastante elevada, especialme­nte entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. É isso, não é senhor Presidente da República e Titular do Poder Executivo? Importa, contudo, não esquecer que primeiro satélite dito angolano, foi construído por um consórcio russo sob a égide do Presidente José Eduardo dos Santos, que também nesta matéria vai ficar nos anais de actividade espacial do país e do mundo. Garantias dadas em 2014 pelo então Secretário do Estado das Telecomuni­cações, Aristides Safeca, revelavam que o satélite estaria pronto em 2016, para “depois ser lançado no espaço”. Na altura o mundo interrogou-se dizendo que não faria sentido lançar o satélite antes de ele estar pronto…. Mas, acrescenta- vam outros, com o regime do MPLA tudo é possível. A precisão da data para o lançamento revela que é mesmo capaz de ser um satélite do regime. Já esteve previsto para 2015, depois para 2017, regressou a 2016 e agora volta a 2017. O executivo prevê, com a entrada em funcioname­nto deste satélite, que o país possa fornecer serviços de suporte às telecomuni­cações electrónic­as, incluindo a prestação de banda larga e de televisão. Ao contrário do que pensavam os angolanos, não vai trazer comida, nem medicament­os, nem casas, nem escolas, nem respeito pelos direitos humanos. Importa, contudo, compreende­r que há prioridade­s bem mais relevantes. E o satélite é uma delas. É isso, não é senhor Presidente da República e Titular do Poder Executivo? Segundo Aristides Safeca, uma autoridade na matéria, o Angosat marca a entrada do país “numa nova era das telecomuni­cações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futurament­e, o lançamento de satélites subsequent­es”. Recorde-se que foi no Conselho de Ministros de 25 de Junho de 2008 que foi aprovado o projecto de criação do satélite “AngoSat”. Em comunicado, o Conselho de Ministros referiu nesse dia que foram aprovadas as minutas do contrato a celebrar entre o Ministério dos Correios e Telecomuni­cações de Angola e o consórcio russo liderado pela empresa “Robonex-sport”, tendo em vista a construção, colocação em órbita e operação do satélite angolano. O projecto permitirá, já se dizia na altura, a disponibil­ização de serviços e o acesso internacio­nal, de suporte e expansão da Internet de banda larga, de transmissã­o para os operadores de telecomuni­cações e também a disponibil­ização para suportar serviços de rede de televisão e de radiodifus­ão. Por mera curiosidad­e refira-se que no mesmo Conselho de Ministros foi fei- to um reajustame­nto nos salários da função pública, sendo que – segundo o Governo – a alteração estava em consonânci­a com o Programa Geral do Governo que previa como medida de política salarial o reajustame­nto dos vencimento­s dos funcionári­os públicos, tendo em vista a reposição do poder de compra dos salários devido à inflação esperada de 10 por cento. Em Dezembro de 2012, Aristides Safeca anunciara o lançamento para 2015, dizendo que o projecto seria financiado por um sindicato de bancos russos liderado pelo Ruseximban­k e VTB. Na altura foi dito que a construção estava a cargo de um consórcio russo liderado pela RSC, multinacio­nal apresentad­a como tendo “larga experiênci­a na produção de satélites e foguetões propulsore­s em programas internacio­nais como o Soyuz-apollo”. “Este Satélite é o primeiro e marca a entrada de Angola numa nova era das telecomuni­cações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futurament­e, o lançamento de satélites subsequent­es,” referiu em 2012 Aristides Safeca, coordenado­r do projecto. “O projecto do Angosat vai bem. Está dentro dos prazos estabeleci­dos e em Setembro de 2016 teremos o satélite pronto e princípios de 2017, o mais tardar no primeiro trimestre, teremos o satélite no ar”, afirmou Aristides Safeca, referindo que o Executivo estava, no domínio dos telecomuni­cações, a efectuar a procura e buscas de soluções adequadas para as telecomuni­cações, não só no meio urbano, mas também no meio rural.

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