KABILA ADIA ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA RDC PARA 2019
As eleições presidenciais na República Democrática do Congo (RDC) poderão apenas ser realizadas em 2019, apesar de um acordo com a oposição de que decorreriam este ano, anunciou a 12.10.2017 um responsável da comissão eleitoral. A oposição imediatamente classificou o anúncio como usurpação do poder, acusando o Presidente Joseph Kabila, de tentar prolongar a sua presidência. Tinha havido indicações de que as eleições seriam antecipadas para 2018, mas o mais recente anúncio causou uma escalada na já tensa situação no vasto país da África Central. O mandato de Kabila terminou em dezembro de 2016, mas um tribunal de- cidiu que ele pode manter-se no cargo até às próximas eleições. O atraso na realização do escrutínio tem sido recebido com protestos por vezes mortais na capital, Kinshasa, e noutras grandes cidades do país com mais de 77 milhões de habitantes. Observadores alertaram para o facto de as tensões ameaçarem não só a RDCongo como o próprio continente africano. O presidente da comissão eleitoral, Corneille Nangaa, culpou pelo mais recente adiamento a violência mortal no centro do país, afirmando que o recenseamento eleitoral na turbulenta região deverá prosseguir até janeiro e que, a seguir, as autoridades precisarão de 504 dias para se prepararem para a votação — um calendário que atira a data do escrutí- nio para 2019. “Para nós, é muito claro que aquilo que [a comissão eleitoral] está a dizer é apenas o plano do Presidente Kabila, que quer ficar no poder”, disse Christophe Lutundula, um membro da coligação da oposição conhecida como Reunificação. “Nós conhecemos o homem, os seus métodos e as suas estratégias”, acrescentou. Joseph Kabila tomou o poder em 2001, após o assassínio do pai, Laurent Kabila. Na sua intervenção na ONU, no encontro anual dos líderes mundiais, em setembro, Kabila reiterou o seu compromisso de realizar eleições, mas não especificou a data. Quando o Conselho de Segurança da ONU debateu a Rdcongo, hoje, o embaixador francês François De- lattre disse que os Estados membros daquele órgão “aguardam uma rápida divulgação do calendário eleitoral”. Delattre declarou igualmente que o acordo de 31.12.2016 entre o Governo e a oposição da Rdcongo, mediado pela Igreja Católica, tem sido “muito adiado, e o Conselho de Segurança tem repetidamente frisado a urgência que a Rdcongo enfrenta”. O acordo de última hora apelava para que as eleições se realizassem até ao fim de 2017, embora alguns tenham desde o início expressado dúvidas sobre se esse calendário seria possível. A oposição sofreu um duro golpe pouco depois do acordo, quando o seu icónico líder, Etienne Tshisekedi, morreu na Bélgica, aparentemente de embolia pulmonar. Com a Lusa