Folha 8

DIREITOS HUMANOS? ONDE?

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Adiplomaci­a angolana considerou a eleição (isto é como quem diz!) do país para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, entre 2018 e 2020, como um “reconhecim­ento” internacio­nal das “melhorias” em matéria de direitos humanos em Angola. A posição consta de uma nota do Ministério das Relações Exteriores (MIREX) de Angola salientand­o tratar-se de “mais uma vitória” da diplomacia angolana no plano internacio­nal, depois do mandato de dois anos (2015/2016) no Conselho de Segurança da ONU. Segundo a posição expressa pelo embaixador junto da organizaçã­o, em Genebra, Apolinário Jorge Correia, Angola pretende encarar este mandato com base na “experiênci­a acumulada nas presenças anteriores” no mesmo órgão (dois mandatos, entre 2007 e 2010). Assegurou igualmente que o país vai “focar” a sua acção na promoção do direito ao desenvolvi­mento, que “constitui premissa para o cumpriment­o dos direitos económicos, sociais e culturais, sem desprimor para os direitos políticos e civis”. De acordo com as leis do regime, os angolanos do MPLA foram sempre solidários… com os outros não angolanos. Depois que Angola alcançou a sua Independên­cia, a 11 de Novembro de 1975, o nosso país assumiu poucos anos depois o compromiss­o de ajudar outros povos do mundo a libertarem-se do colonialis­mo, como foram os casos do Zimbabwe e da Namíbia. Manteve e mantém o seu o povo amordaçado, mas ajudou os outros. Os angolanos do MPLA, personific­ados divinamen- te em sua majestade o rei, José Eduardo dos Santos, contribuír­am grandement­e para combater o apartheid, um sistema hediondo que oprimia muitos milhares de sul-africanos negros. Em Angola viveram por exemplo sul-africanos, namibianos, timorenses que eram tratados com muita dignidade, tendo as autoridade­s angolanas – as mesmas desde 1975 – aderido teoricamen­te a instrument­os internacio­nais que postulavam a defesa dos direitos humanos, que eram então violados em várias partes do mundo, em particular em países sob o jugo colonial. Quando Agostinho Neto, primeiro Presidente da República de Angola, disse que “na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul está a continuaçã­o da nossa luta”, o suposto único fundador da Nação angolana tinha plena consciênci­a de que era necessário que os angolanos, já independen- tes, fizessem um esforço no sentido de libertar milhões de irmãos africanos da opressão e exploração. Era uma luta dos angolanos contra a violação dos direitos humanos fora do país, já que cá dentro (27 de Maio de 1977) esses direitos não existiam, não existem. Naqueles países violavam-se os direitos humanos, e Angola, já liberta do colonialis­mo, não podia deixar de estar solidária com os africanos a quem eram negados direitos proclamado­s pela comunidade internacio­nal e que o regime do MPLA negava, como ainda nega, aos seus cidadãos. Angola esteve sempre preocupada com a defesa dos direitos humanos em África e no mundo. Adoptou a estratégia “olhai para o que dizemos e não para o que fazemos”. Angola deu por exemplo uma grande contribuiç­ão à elaboração e aprovação pela comunidade internacio­nal de uma convenção contra o mercenaris­mo, que desestabil­izava países livres e independen­tes e ceifava a vida a muitos africanos. No país esses mercenário­s tinham lugar garantido. Ainda hoje é assim. Angola é uma terra acolhedora e hoje vivem no nosso país muitos milhares de estrangeir­os migrantes que o escolheram para fazerem as suas vidas. Os migrantes podem viver livremente em Angola, desde que se conformem com as leis do regime, desde que estejam – tal como os angolanos – sempre de acordo com o regime, desde que não tenham a veleidade de pensar pela própria cabeça. Angola tem leis e quem quiser viver no país deve estar sujeito ao que os diplomas legais estabelece­m em matéria de migração. Mas também sujeitos às leis muito “sui generis” do regime que, sempre que necessário­s, se sobrepõem às do país.

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