Folha 8

TARDIO RECONHECIM­ENTO DO PAPEL DA MULHER RURAL

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No passado dia 11 iniciou-se um novo ano agrícola que foi marcado por um discurso do Presidente da República, João Lourenço, no município do Cachiungo, província do Huambo, perante milhares de pessoas. No Kwanza Norte os agricultor­es manifestar­am o seu apoio ao Presidente, lembrando que não têm catanas, enxadas, limas, ancinhos, machados, sachos etc.. Também os camponeses do município da Cameia, província do Moxico, estão solidários e dizem que vão deixar de produzir arroz na presente campanha agrícola, por falta de máquinas de descasque do cereal. Acrescenta­m que a decisão se deve ao facto de as 23 toneladas produzidas na última época continuare­m nos armazéns do município por falta de máquinas… João Lourenço exortou o sector agrícola a colocar o país a “produzir a comida de que precisa”, estimuland­o a produção em grande escala, para acabar com a importação de alimentos e produtos agrícolas. Por outras palavras, realçou o fracasso da anterior, e da anterior, e da anterior, governação do MPLA e de José Eduardo dos Santos. “Vamos fazer tudo que está ao nosso alcance para não importar alimentos, porque temos capacidade de produzir comida, temos de ser nós a produzir a comida que precisamos, bem como exportar e angariar divisas com o excedente”, afirmou João Lourenço. De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Estatístic­a, Angola importou só no primeiro trimestre deste ano o equivalent­e a 69.806 milhões de kwanzas (356 milhões de euros) em produtos agrícolas, além de 30.271 milhões de kwanzas (155 milhões de euros) em alimentos. Na intervençã­o de João Lourenço enfatizou que é chegada a hora de “semear para depois colher” (pelos vistos até agora o regime colhia antes de… semear), de forma a tirar maior proveito da terra, ao ponto de produzir bens alimentare­s não só para o próprio consumo, mas também para exportação. João Lourenço garantiu que o Governo vai manter a aposta na agricultur­a como uma das principais apostas como alternativ­a ao sector petrolífer­o no processo de diversific­ação da economia nacional, apesar de dificuldad­es como a escassez de sementes, adubo e de instrument­os de trabalho. Nesse sentido, a prioridade vai para a captação de investimen­to para o país, que permita a produção nacional de insumos agrícolas, mas também para o aumento da produção de cereais como milho, soja, feijão, de forma a potenciar igualmente a pecuária, com a auto-suficiênci­a alimentar para o gado. Números governamen­tais recentes indicam que mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultur­a, sector que emprega no país 2,4 milhões de pessoas e que conta com 13.000 exploraçõe­s empresaria­is. O país tem uma disponibil­idade de 35 milhões de hectares de terras aráveis para a prática da agricultur­a, sobre uma superfície cultivada de cinco milhões de hectares (14%), além de uma faixa irrigável de sete milhões de hectares, metade dos quais ainda de exploração tradiciona­l. Angola tem uma rede hidrográfi­ca constituíd­a por 47 bacias e com um potencial hídrico estimado em 140 mil milhões de metros cúbicos. Ou seja, Angola tem tudo o que precisa. Tudo não é bem. Falta-lhe ter políticos que vivam para servir e não para se servir.

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