A VERDADE DA MENTIRA DO REGIME
Os dados referidos foram apresentados pelo então titular da Saúde no final da Sessão Extraordinária do Conselho de Ministros, encontro que, sob orientação do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tomou conhecimento do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde referente a 2015/2016. De acordo com o governante, estes indicadores representam uma tendência positiva no domínio da saúde em Angola e que o mesmo relatório traz outras informações ligadas à saúde que fazem crer que a taxa de mortalidade materna terá também melhorado. Por seu lado, o Director Nacional do Instituto Nacional de Estatística, Camilo Ceitas, que também participou nessa reunião do Conselho de Ministros, revelou que a instituição em coordenação com o Ministério da Saúde e com apoio de parceiros como a OMS, Unicef e Banco Mundial levaram a cabo o inquérito de Indicadores Múltiplos deste sector 2015/2016. Disse que os objectivos do aludido inquérito foram basicamente obter informação sobre o sector da saúde, concretamente sobre a mulher, criança e o agregado familiar, considerado os mais importantes dos sistemas de estatísticas, não só em Angola mas também em África. Segundo Camilo Ceitas, Angola, ao contrário do que se diz, já não é o país com maior taxa de mortalidade infantil no mundo. “Angola está neste momento situada na quarta posição a nível da SADC e a nível do continente africano nos décimo ou décimo segundo lugar”, explicou Camilo Ceitas, que considerou “redução extraordinária” a verificada no índice de mortalidade infantil no país, que agora depois do conflito armado está a recuperar todo o seu sistema sanitário e social. Ao que parece, tanto Gomes Sambo como Camilo Ceitas (bem como José Eduardo dos Santos) tinham razão em desmentir a Organização Mundial de Saúde. Isto porque o levantamento, exaustivo e pormenorizado, feito pelo Instituto Nacional de Estatística refere-se exclusivamente aos angolanos de primeira, não abarcando – portanto – os 20 milhões de pobres que embora nascidos em Angola, que embora vivam em Angola, não são… angolanos. Se se mantivesse a mesma equipa na saúde e o mesmo presidente, provavelmente a próxima análise estatística às questões de saúde iria colocar o país como um dos melhores do mundo. Bastava para isso que, por determinação superior do ministro da Saúde (em conformidade com as ordens superiores) se analise apenas o que se passa a nível do clã familiar de José Eduardo dos Santos. Agora que a estratégia, para além dos protagonistas, parece ser diferente, esperemos que a verdade seja o único objectivo. Ela pode fazer doer, mas será a única a poder curar o nosso país.