INFLAÇÃO NO DOBRO DAS PREVISÕES DO GOVERNO
Ataxa de inflação em Angola subiu 2,14 entre Agosto e Setembro, aproximando-se de máximos de 2017, com o acumulado a 12 meses nos 25,1%, ainda quase o dobro das previsões do Governo para este ano. Novo Governo, vida nova? Tudo indica que não, mas o benefício da dúvida mantém-se. De acordo com o relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano sobre o comportamento da inflação, trata-se da terceira maior subida mensal do ano, contrastando com os valores mínimos registados em Maio (1,60%) e Junho (1,52%). O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em Julho de 2016, quando, no espaço de um mês, segundo o INE, os preços registaram um aumento médio de 4%. Entre Janeiro e Dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42%, segundo os relatórios anteriores do INE com o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN). Nos últimos 12 meses, até Junho, a inflação acumulada tinha descido para 30,5%, desceu em Julho para 27,29% e estabilizou, em Agosto e em Setembro (a um ano), ligeiramente acima dos 25%. A subida de preços em Setembro foi influenciada sobretudo pelos sectores “Vestuá- rio e Calçado”, com 3,91%, “Bebidas Alcoólicas e Tabaco”, com 3,56%, “Saúde”, com 3,55%, e “Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção”, com 3,11%. O valor da inflação a um ano é muito superior à previsão de 15,8% para o período entre Janeiro e Dezembro que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado de 2017. Desde Setembro de 2014, e até final de 2016, que a inflação em Angola não parou de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo nomeadamente dos alimentos. As subidas de preços no último mês foram lideradas pelas províncias de Luanda (2,54%), Lunda Norte (2,07%), Lunda Sul (2,04%), Bengo (2,01%) e Uíge (1,88%), enquanto na posição oposta figuraram as províncias do Zaire (1,28%), Cuando Cubango (1,34%), Cuanza Norte (1,35%), Huambo (1,37%) e Huíla e Malanje (1,45%). O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, alertou a 22 de Março, em Luanda, para a necessidade de medidas que ajudem a diminuir a elevada inflação que o país ainda apresenta. Falando aos jornalistas após um encontro com o ministro das Finanças, Archer Mangueira, com vista à preparação das consultas anuais ao abrigo do artigo IV, o chefe do FMI para Angola destacou que a inflação angolana “ainda está muito resiliente”, apesar das “políticas muito importantes” aplicadas nos últimos meses pelo Banco Nacional de Angola (BNA).