JES SAIU, DISSE «ESTOU A VIR» E JÁ CHEGOU I
Desde há muito tempo, sobretudo depois de se tornar evidente aos olhos dos angolanos que a saúde de JES ia de mal a pior, passou a ser um hobby dos angolanos versados em política tentar adivinhar quais altas personalidades do governo tinham chances de ocupar o lugar mais alto do pódio dos candidatos a presidente da República. Ninguém adivinhou e, bem vistas as coisas, é normal num país como o nosso, em que a realidade é muitas vezes pura ficção, sempre possível de transformar em “realidade formatada a martelo”. Por outro lado, não ofende nem denigra ninguém dizer que na lista de candidatos à sucessão de JES, personagem ímpar, catapultado por obra de uma populista e decana campanha de “marketing político” para o estatuto virtual de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Ser Superior Acima da Lei, se contam por dezenas os altos funcionários da “intelligentzia” angolana, entre generais, ministros e ex-ministros de Estado e banqueiros, que tudo fizeram na vida para colher favores da muito nossa Excelência e esperar aceder ao mesmo fim, ou seja, serem Excelências, por via de processos quase exclusivos de depravar o erário público a coberto duma fidelidade canina a essa efémera Excelência. Isto sem falar de milhares de cidadãos angolanos que, pelo menos uma vez na vida, sonharam ocupar o posto de presidente da República, ou que, por saberem que isso é causa perdida de avanço, no mínimo se esforçaram para que o seu filho o viesse a ser. No caso pendente, o vencedor da corrida foi o disciplinadíssimo João Lourenço, talvez o único dirigente topo de gama do regime a ter reagido bem, com calma e alguma classe, a uma tremenda bofetada que tinha recebido de Sua Excelência, antes de ter sido nomeado pela mesma, ministro da Defesa. Sorte sua?.. Nem por isso, por mais que pareça absurdo, pouca sorte!