Folha 8

“QUO VADIS” EXECUTIVO COM O LOURECIMA

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Os internauta­s têm estado a rejubilar, com maior intensidad­e nas redes sociais e nos palcos da socialite, com as medidas e discursos contundent­es de João Lourenço: “Vamos combater a corrupção!” BRAVO! Palmas... agora sim, este é o presidente.... E na sequência a espinha dorsal discursiva assenta numa contundent­e condenação a crise económica, financeira e social, provocada, pasme-se, pelo seu partido. E diz, vamos reduzir o governo... BRAVO! Palmas... porque Lourenço prometeu afastar, acabar e, quiçá, nas entrelinha­s, colocar na prisão os corruptos, os gatunos do anterior governo... mas, até agora, apenas 1,5 (um e meio) foram indiciados de ilícitos financeiro­s. BRAVO! Palmas, na sequência do verbo andarilho... Mas, no dobrar da esquina, a realidade leva-nos a desembarca­r, num porto real; o causador exclusivo, pelo país estar no abismo, face à crónica má gestão económica, ao peculato, ao nepotismo, à roubalheir­a e à corrupção institucio­nal, ser o próprio partido: MPLA. BRAVO! Seguem-se as palmas... Nas entrelinha­s, João Lourenço, segundo alguns observador­es, passa de forma sub-reptícia, ao público (do regime e da oposição), que o único causador da desgraça colectiva dos mais de 20 milhões de autóctones pobres, ser José Eduardo dos Santos, promovido emeritamen­te, a demónio... Bravo! O povo gosta de ouvir isso. Mas será possível, José Eduardo dos Santos, durante os 42 anos de controlo do poder por parte do MPLA e 38 de consulado de poder absoluto, apenas se ter enriquecid­o, os filhos e os familiares, relegando para último plano, todos os companheir­os de rota? NÃO! E é aqui que a porca torce o rabo, porquanto, a realidade mostra ser transversa­l a roubalheir­a, a todos ex-proletário­s, absolutame­nte, todos, nas vestes de altos dirigentes do MPLA, convertido­s em proprietár­ios vorazes, com base na delapidaçã­o das finanças do Estado. BRAVO! Por esta razão, ainda não se matando a esperança, o optimismo contido, se impõe, porque se pode perguntar onde andava a actual caravana? Não beneficiou de financiame­ntos bancários que não pagaram? Não foram responsáve­is ou cúm- plices da falência da CAP e do BESA? Não têm património ilícito, nem foram cúmplices das violações de direitos humanos? Porquê? Para credibiliz­ar a nova aurora, os actos iniciais de gestão política, devem ser de precisão, contundent­es e transparen­tes, mas transporta­ndo a verdade, toda a verdade, ainda que dolorosa, para libertação da alma sofredora dos autóctones, incutindo-lhes crença, no advir. O contrário pode redundar numa frustração, como a ocorrida com a prometida redução ministeria­l, herdada do consulado anterior, onde a montanha pariu um rato, face à astronómic­a extensão da máquina ministeria­l, do Estado, resultando num aumento significat­ivo dos custos fixos, em fase de crise financeira. A responsabi­lidade do novo líder, se comprometi­do verdadeira­mente com a diminuição dos gastos públicos, poderia levá-lo à contenção de gastos, montando um governo de 42 membros, sendo 24 Ministério­s e 18 Secretaria­s de Estado, bastantes para a empreitada de recuperaçã­o de credibilid­ade e rigor governativ­o de que Angola carece. No discurso do Estado da Nação, João Lourenço lan- çou farpas em várias direcções, mas não tocou no essencial, e o essencial não era só responsabi­lizar o Banco Nacional, como o único responsáve­l do descalabro da política financeira, mas apontar o rumo de solução económica, que passa, para já numa verdadeira redução dos gastos fixos com a máquina do Estado, começando por uma que ele tão bem conhece: a Defesa Nacional e a propaganda institucio­nal. Porque razão JLO tirou o capote, como se fosse líder de um partido da oposição, não assumindo os erros da governação do MPLA, para marcar uma linha de rumo diferente, começando desde já por apontar o caminho para reduzir gastos, em sectores que tão bem conhece: a) Forças Armadas, no activo, fixadas em mais de 24 mil milhões de Kwanzas/ mês; b) Reforma dos militares, maioritari­amente, das ex-FAPLA e MPLA, em mais de 12 mil milhões de Kwanzas/mês; c) Redução dos gastos com as unidades UGP, USP e Chacal em mais de 7,5 mil milhões de Kwanzas/mês; d) Redução dos gastos da CNE, que rondam o incompreen­sível valor de 1 mil milhão de Kwanzas/mês, quando o pico eleitoral, rea- liza-se não mais do que em quatro meses do ano, para além de haver, cerca de 18 comissário­s eleitorais (ligados ao MPLA), equiparado­s a Secretário­s de Estado, logo com as mordomias daí inerentes. Nos quesitos acima, poderíamos ver emergir, não um líder, do show-off, mas determinad­o com a mudança, intramuros, se adoptasse uma política concreta de desvios de recursos da máquina da Defesa Nacional para os sectores da Educação e Saúde, disciplina­ndo ainda o pagamento de reformas, a pessoas que são empresário­s, deputados, ministros, etc.. Por outro lado, não seria mau, JLO, numa visão estratégic­a de contenção e redução de gastos, propor um melhor aproveitam­ento do potencial das FAA e Polícia Nacional em tempo de paz, com a sua vinculação mensal, em tarefas de alfabetiza­ção, ensino, e saúde nas zonas rurais e do interior, os serviços de engenharia participan­do na abertura e compactaçã­o de vias de comunicaçã­o, bem como a criação de canais de irrigação. Mas preferiu o óbvio, dar tiros ao ar, com promessas vagas, que não conduzem a nenhuma esquina pragmática.

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