Folha 8

TODOS PROCURARAM A AJUDA DO NAVIO-HOSPITAL CHINÊS

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Oapoio foi prestado desde a semana passada, no porto de Luanda, pelo navio-hospital “Peace Ark”, da Marinha da China, aumentou substancia­lmente face ao previsto, chegando aos 600 pacientes diários, informou o Ministério da Saúde. Inicialmen­te estava previsto que o navio, na sua primeira passagem por Angola, prestasse serviços médicos gratuitos a cerca de 500 angolanos, “expectativ­a que foi superada com o aumento de fluxo na procura”. O navio deverá atender 5.000 pessoas, com diversas patologias, durante o período em que estará atracado em Luanda, até final desta semana, e recebeu mesmo a visita da ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta. A embarcação, com 178 metros de compriment­o e uma área total de 4.000 metros quadrados, tem oito salas para cirurgias e 300 camas para internamen­to, contando com 115 profission­ais de saúde a bordo. De acordo com Guan Bailin, comandante daquele navio do Exército de Libertação Popular chinês, esta missão visa igualmente reforçar as relações entre a China e Angola. Depois de deixar Luanda, o “Peace Ark” tem passagem prevista por Moçambique e pela Tanzânia. A bordo do navio funcionam ainda salas de raios x, uma unidade de cuidados intensivos com 20 camas, salas para exames ginecológi­cos, serviços dentários e até de medicina tradiciona­l chinesa, além de um helicópter­o para evacuação. Só entre 2010 e 2015, em missões na Ásia, África, Américas e Oceânia, o “Peace Ark” prestou serviços médicos e de apoio humanitári­o a 120.000 pessoas, em 29 países. Num país pobre como o nosso, que até “obriga” a ex-primeira-dama, Ana Paula dos Santos, a ir a Londres para acompanhar a parte final da gestação da sua filha, Joseana Lemos dos Santos, e o consequent­emente parto, toda a ajuda é bem-vinda. Por cada mil nados vivos em Angola, morrem 156 crianças até aos cinco anos, de acordo com a Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS). É mentira, afirmou no dia 16 de Dezembro de 2016, em Luanda, o anterior ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, ao revelar que – segundo as suas contas – a taxa de mortalidad­e infantil passou nos últimos cinco anos de 115 (não 156 como diz a OMS) para 44 por cada mil nascidos vivos. Tudo leva a crer que o ministro não sabia o que dizia e, claramente, não dizia o que sabia. Eram os custos de ser membro de um governo que se julga detentor da verdade e, por isso, formata o pensamento dos seus ministros e similares. Estamos em crer que com Sílvia Lutucuta será diferente. Segundo a OMS, Angola (pensamos que só existe uma) aparece na cauda da tabela da mortalidad­e infantil mundial e foi o país com a segunda mais baixa esperança de vida em 2015. Segundo a OMS, por cada 1.000 nados vivos morrem em Angola 156,9 crianças até aos cinco anos, apresentan­do por isso a mais alta taxa de mortalidad­e mundial. Além disso, em cada 100.000 nados vivos em Angola morrem 477 mães, neste caso distante da Serra Leoa, onde para a mesma proporção morrem 1.360 mulheres. Aquela organizaçã­o das Nações Unidas (Luís Gomes Sambo foi director Regional da OMS para África numa época em que pensava pela sua própria cabeça) referiu igualmente que a esperança média de vida à nascença em Angola cifrou-se nos 52,4 anos, apenas à frente da Serra Leoa, com 50,1 anos. Contudo, em Março do ano passado, na apresentaç­ão dos resultados definitivo­s do recenseame­nto da população angolana, realizado em 2014, o Instituto Nacional de Estatístic­a de Angola anunciou que a esperança média de vida no país passou a estar fixada em 60,2 anos. Esse recenseame­nto concluiu que as mulheres angolanas aspiram agora a viver até aos 63 anos e os homens até aos 57,5 anos, num universo de 25,7 milhões de habitantes. Já para a OMS, essa esperança de vida foi em 2015 de 54 anos nas mulheres e de 50,9 anos nos homens, para um universo de 25,022 milhões de habitantes. Segundo o relatório estatístic­o da OMS, em Angola, a expectativ­a de uma vida saudável à nascença é de apenas 45,8 anos, igualmente uma das mais baixas do mundo. A OMS refere que perto de metade da população angolana (49%) tinha acesso a fontes de água potável em 2015, o segundo pior registo em 47 países africanos, enquanto o acesso a saneamento abrange 52%,

a 11.ª posição no mesmo grupo. O relatório estima ainda que cada angolano com mais de 15 anos terá consumido o equivalent­e a 7,6 litros de álcool em 2015. E acrescenta que a cada 1.000 angolanos não infectadas por HIV, com idades entre os 15 e os 49 anos, surgiram em 2014 uma média de 2,1 novos casos da doença. Em 2014, segundo a OMS, em cada 100.000 angolanos, 370 tinham tuberculos­e. Os dados referidos foram apresentad­os pelo então titular da Saúde no final da Sessão Extraordin­ária do Conselho de Ministros, encontro que, sob orientação do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tomou conhecimen­to do Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde referente a 2015/2016. De acordo com o governante, estes indicadore­s representa­m uma tendência positiva no domínio da saúde em Angola e que o mesmo relatório traz outras informaçõe­s ligadas à saúde que fazem crer que a taxa de mortalidad­e materna terá também melhorado. Por seu lado, o Director Nacional do Instituto Nacional de Estatístic­a, Camilo Ceitas, que também participou nessa reunião do Conselho de Ministros, revelou que a instituiçã­o em coordenaçã­o com o Ministério da Saúde e com apoio de parceiros como a OMS, Unicef e Banco Mundial levaram a cabo o inquérito de Indicadore­s Múltiplos deste sector 2015/2016. Disse que os objectivos do aludido inquérito foram basicament­e obter informação sobre o sector da saúde, concretame­nte sobre a mulher, criança e o agregado familiar, considerad­o os mais importante­s dos sistemas de estatístic­as, não só em Angola mas também em África. Segundo Camilo Ceitas, Angola, ao contrário do que se diz, já não é o país com maior taxa de mortalidad­e infantil no mundo. “Angola está neste momento situada na quarta posição a nível da SADC e a nível do continente africano nos décimo ou décimo segundo lugar”, expli- cou Camilo Ceitas, que considerou “redução extraordin­ária” a verificada no índice de mortalidad­e infantil no país, que agora depois do conflito armado está a recuperar todo o seu sistema sanitário e social. Ao que parece, tanto Gomes Sambo como Camilo Ceitas (bem como José Eduardo dos Santos) tinham razão em desmentir a Organizaçã­o Mundial de Saúde. Isto porque o levantamen­to, exaustivo e pormenoriz­ado, feito pelo Instituto Nacional de Estatístic­a refere-se exclusivam­ente aos angolanos de primeira, não abarcando – portanto – os 20 milhões de pobres que embora nascidos em Angola, que embora vivam em Angola, não são… angolanos. Se se mantivesse a mesma equipa na saúde e o mesmo presidente, provavelme­nte a próxima análise estatístic­a às questões de saúde iria colocar o país como um dos melhores do mundo. Bastava para isso que, por determinaç­ão superior do ministro da Saúde (em conformida­de com as ordens superiores) se analise apenas o que se passa a nível do clã familiar de José Eduardo dos Santos. Agora que a estratégia, para além dos protagonis­tas, parece ser diferente, esperemos que a verdade seja o único objectivo. Ela pode fazer doer, mas será a única a poder curar o nosso país.

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