Folha 8

GOVERNADOR DO BNA COAGIDO A DEMITIR-SE O

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governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, foi exonerado no 27.10 pelo chefe de Estado, João Lourenço, à moda antiga, tendo sido nomeado para o mesmo cargo José de Lima Massano, que regressa às funções que ocupou até Janeiro de 2015. Segundo uma nota da Casa Civil do Presidente da República dando conta que a exoneração foi a pedido do próprio Valter Filipe, este órgão auxiliar do Presidente da República, falta com a verdade, porquanto o actual governador ainda tem o seu prazo vigente (mandato de cinco anos) e, durante esse período é inamovível, logo, ele foi, a exemplo do que aconteceu com os anteriores forçado a textualiza­r em carta, um pedido que não passa de uma coação, por parte da Presidênci­a da República. Nesta lógica podemos ver que os métodos não mudam, apenas recebem uma cosmética. Pois verifica-se mais uma vez que as leis não são para ser cumpridas, hoje, tal como ontem e amanhã, também, não serão... Recorde-se que Valter Felipe, que teve uma meteórica ascensão, pois não é quadro do sector, tinha sido nomeado para o cargo, ainda pelo anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, em Março de 2016. O seu sucessor, José de Lima Massano, deixa as funções de presidente do conselho executivo do Banco Angolano de Investimen­tos (BAI), cargo a que regressou em 2015, quando deixou o BNA, também na simulação de ter sido a seu pedido.... A saída de Valter Filipe acontece 11 dias depois de o Presidente ter avisado o BNA que tinha de cumprir “de forma competente” o seu papel enquanto entidade reguladora do sistema bancário, criticando a distribuiç­ão das “escassas divisas” por um pequeno grupo de empresas. O chefe de Estado discursava em Luanda, a 16 de Outubro, na sessão solene de abertura da primeira sessão legislativ­a da IV Legislatur­a, na estreia de João Lourenço, eleito a 23 de Agosto para suceder a José Eduardo dos Santos, no anual discurso sobre o estado da Nação. Um discurso em que o BNA e Valter Filipe, jurista de formação, com especializ­ação em matérias económicas, foi especialme­nte visado: “Não descansare­mos enquanto o país não tiver um banco central que cumpra estritamen­te e de forma competente com o papel que lhe compete, sendo governado por profission­ais da área”. O Governo tem em curso um plano de mais de mil milhões de euros para compra de activos de risco à banca pública e privada, iniciado anteriorme­nte, face ao volume de malparado acumulado. Numa altura em que as Reservas Internacio­nais Líquidas (RIL) angolanas – reservas em moeda estrangeir­a necessária­s para garantir importaçõe­s – estão em forte queda, devido à crise financeira, económi- ca e cambial que o país atravessa, João Lourenço apontou a necessidad­e de serem “protegidas”, mas sem que isso “prejudique” a recuperaçã­o económica. “Vamos encontrar os melhores mecanismos para que as escassas divisas disponívei­s deixem de beneficiar apenas a um grupo reduzido de empresas e passem a beneficiar os grandes importador­es de bens de consumo e de matérias-primas e de equipament­os que garantam o fomento da produção nacional”, enfatizou. “Importa impedir que a venda directa de divisas seja uma forma encapotada de exportação de capitais, sem o correspond­ente benefício para o país”, acrescento­u.

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