RESQUÍCIOS DO ESTALINISMO AMEAÇAM ANGOLA II
João Lourenço tirou a máscara de candidato no seu discurso sobre o Estado da Nação. Caiu e saltou para o ar o Presidente da República, à semelhança de um jocker de caixinha de surpresas das festas de Carnaval ali depositada, no lamaçal político, financeiro e económico do regime no poder há mais de 40 anos. Nesse discurso JLO reiterou a sua intenção de levar a cabo, com firmeza, a luta contra a corrupção e de cumprir o que tinha prometido nos seus discursos de campanha. Certo, e até aí os dignitários do “M” não se agitaram, mas quando o preidente da República abordou a premente necessidade de combater monopólios, os camaradas, quase em bloco, fizeram cara de quem comeu e não gostou. Notem: - Reforço da democratização; redução da despesa do Estado com o seu funcionamento; qualificação e modernização da Administração Pública; transparência e igualdade nos concursos públicos; maior intervenção do Tribunal de Contas e dos serviços de Inspecção dos Ministérios; reforço do associativismo e da sociedade civil; reforma da Justiça, tornando-a mais célere; aposta nas áreas da Procuradoria-geral de combate à corrupção; lançamento das Autarquias Locais; fomento económico. Em suma, um atestado de incompetência ao regime vigente: não existe área que o presidente não queira mudar. E a boa questão que aqui se levanta é: Mas como vai ele lá chegar, se as pessoas que ele escolheu para o seu governo são na sua grande maioria as mesmas que levaram Angola ao abismo em que se encontra actualmente?... Não é tudo. Se juntarmos a este rol de intenções o facto de onze dias depois da sua nomeação o secretário de Estado Carlos Panzo ter sido exonerado no seguimento de uma denúncia da justiça Suíça e a extinção na semana passada do GRECIMA, uma instituição que servia para canalizar fundos da Presidência da República para a Semba Comunicação, empresa de Tchizé e do seu irmão “Coréon Dú”, é normal que Sua Excelência se sinta ameaçado perante o atrevimento do seu “Delfim”. Já reagiu e disse que os Governadores provinciais não seriam doravante secretários-gerais do MPLA, cortando ainda mais um pouco as asas de JLO já bem curtas.