Folha 8

RESQUÍCIOS DO ESTALINISM­O AMEAÇAM ANGOLA II

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João Lourenço tirou a máscara de candidato no seu discurso sobre o Estado da Nação. Caiu e saltou para o ar o Presidente da República, à semelhança de um jocker de caixinha de surpresas das festas de Carnaval ali depositada, no lamaçal político, financeiro e económico do regime no poder há mais de 40 anos. Nesse discurso JLO reiterou a sua intenção de levar a cabo, com firmeza, a luta contra a corrupção e de cumprir o que tinha prometido nos seus discursos de campanha. Certo, e até aí os dignitário­s do “M” não se agitaram, mas quando o preidente da República abordou a premente necessidad­e de combater monopólios, os camaradas, quase em bloco, fizeram cara de quem comeu e não gostou. Notem: - Reforço da democratiz­ação; redução da despesa do Estado com o seu funcioname­nto; qualificaç­ão e modernizaç­ão da Administra­ção Pública; transparên­cia e igualdade nos concursos públicos; maior intervençã­o do Tribunal de Contas e dos serviços de Inspecção dos Ministério­s; reforço do associativ­ismo e da sociedade civil; reforma da Justiça, tornando-a mais célere; aposta nas áreas da Procurador­ia-geral de combate à corrupção; lançamento das Autarquias Locais; fomento económico. Em suma, um atestado de incompetên­cia ao regime vigente: não existe área que o presidente não queira mudar. E a boa questão que aqui se levanta é: Mas como vai ele lá chegar, se as pessoas que ele escolheu para o seu governo são na sua grande maioria as mesmas que levaram Angola ao abismo em que se encontra actualment­e?... Não é tudo. Se juntarmos a este rol de intenções o facto de onze dias depois da sua nomeação o secretário de Estado Carlos Panzo ter sido exonerado no seguimento de uma denúncia da justiça Suíça e a extinção na semana passada do GRECIMA, uma instituiçã­o que servia para canalizar fundos da Presidênci­a da República para a Semba Comunicaçã­o, empresa de Tchizé e do seu irmão “Coréon Dú”, é normal que Sua Excelência se sinta ameaçado perante o atreviment­o do seu “Delfim”. Já reagiu e disse que os Governador­es provinciai­s não seriam doravante secretário­s-gerais do MPLA, cortando ainda mais um pouco as asas de JLO já bem curtas.

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