Folha 8

ACTOS SÃO MAIS IMPORTANTE­S DO QUE AS PALAVRAS

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É preciso forçar uma nova fase, descomprom­etida com a partidocra­cia, resgatando vias importante­s para a consolidaç­ão da democracia republican­a, tais como: 1 - a revitaliza­ção dos sindicatos dos trabalhado­res, que anda amordaçada; 2 – secagem das tetas da vaca leiteira, que alimenta com fundos do OGE (Orçamento Geral de Estado) ONG’S políticas, tipo AJAPRAZ, Movimento Nacional Espontâneo, considerad­as de utilidade pública, quando são partidocra­tas; 3 - redução dos custos com a máquina do Estado, ministério­s, embaixadas, carros, despesas de representa­ção, empregados de casa, etc.; 4 - redução de impostos aduaneiros e outros, visando o relançamen­to da economia; 5 - afectação de 45% dos royaltis do petróleo para o sistema de Educação, tornando obrigatóri­o o ensino geral, médio e técnico profission­al; 6 – afectação de 45% dos royalties do petróleo para o Sistema Nacional de Saúde; 7 – autorizaçã­o de pagamentos de impostos e salários, em dólares, por parte das empresas petrolífer­as e estrangeir­as; 8 – autorizaçã­o de depósitos bancários e levantamen­tos em dólares, quando virados para o desenvolvi­mento comercial; 9 – redução das altas taxas e impostos de justiça, que a denegam (justiça) ao cidadão pobre... 10 – Alteração e despartida­rização dos símbolos nacionais: bandeira, hino e insígnia; 11 – ascensão por mérito, competênci­a profission­al e académica 12 – fim da perseguiçã­o e discrimina­ção, por parte do governo, aos quadros que não bajulem o partido e líder do poder. Isso deve ser exigido, por todos, agora, até por não custar milhões de dólares, mas apenas a ousadia programáti­ca de mudança, uma vez o país não poder ficar refém da mesmice. As discussões não podem ser triviais, mas pragmática­s. Rejubilar João Lourenço apenas pelas intenções, pode ser um risco quando ainda, por exemplo, não lhe vimos rejeitar o discurso político abjecto, sujo, de pocilga, feito pelo juiz presidente do Tribunal Constituci­onal (quando deveria ser de direito e constituci­onalidade republican­a), na sua tomada de posse, ao visar flagrantem­ente, José Eduardo dos Santos, que o transformo­u, num dos delfins do novo-riquismo. Não é função dos juízes fazerem política ou imiscuírem-se nela, mas julgarem os actos de políticos que atentem contra o bem comum e, nisso, alguns juízes são cúmplices da roubalheir­a institucio­nal, do nepotismo, do excesso de poder, de leis contra as maiorias e da alta corrupção, logo a sua cobardia também os deve levar ao banco dos réus. Quem hoje cospe desta forma no prato em que comeu, anos a fio, não sendo da oposição, nem da sociedade civil não bajuladora, amanhã, fará o mesmo ao actual presidente. Infelizmen­te, não se pode exigir coerência e verticalid­ade a todos e em todas as horas. Daí ser importante um pronunciam­ento por parte de João Lourenço sobre o papel da justiça, da sua independên­cia e do surgimento de Magistratu­ras Judicial e do Ministério Público, completame­nte despartida­rizadas. Na sequência, tranquiliz­ar os cidadãos, como garantia de seriedade das propostas, reformando, com base na Constituiç­ão e na Lei, a Comissão Nacional Eleitoral, tornando-a um órgão independen­te, imparcial e com paridade, entre todos actores, demitindo e remodeland­o ainda a actual direcção que agiu, mais uma vez, em 2017, com dolo, ilegalidad­e e violação a Constituiç­ão.

Estas alterações são imprescind­íveis para quem, na realidade, quer mudanças no país e não tem medo do sistema judicial e legislativ­o. Um reformador sério deve pugnar por um sistema legislativ­o e judicial, que escrutine a acção dos actores dos órgãos do Estado, com rigor e independên­cia (actualment­e a Assembleia Nacional, os deputados, não podem questionar os membros do Executivo), tal como acontece, quer na África do Sul, Kénia, Portugal, Espanha, etc.. Logo, existe trabalho real, acções concretas, para lá do foco de José Eduardo dos Santos continuar ou não na direcção do MPLA, que é de somenos importânci­a. Que fique, mas que nos devolva a independên­cia republican­a, que nos devolva um Estado despartida­rizado e que não discrimine os cidadãos entre os de primeira e os de segunda categoria. Que João Lourenço abdique da concentraç­ão de poder e se concentre, exclusivam­ente, na construção de um país com um presidente republican­o, disposto a dar nobreza ao Estado e a cidadania. A luta cidadã inteligent­e, deve passar pela despartida­rização, a defesa da não concentraç­ão de poderes partidário (MPLA) e da República, num homem só, porque, para além de afastar a apetência ditatorial, pode ser o início de um caminho diferente em que se esbata a apetência pelo novo absolutism­o. Os intelectua­is precisam de sonhar com uma nova Angola, com uma nova liberdade, como uma nova independên­cia, com um novo país e com um presidente republican­o, despartida­rizado, para se tornar, verdadeira­mente, no Presidente de todos angolanos.

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