TROPA ESTÁ FARTA DA ROUBALHEIRA
O ambiente é de crispação, aliado ainda ao atraso de salários e ao enriquecimento de muitos generais que aumentam unidades fantasmas, visando com essa estratégia receber os salários de militares que de facto não existem, num magistral esquema de corrupção. “Os gatunos e corruptos, quando são apanhados fingem um julgamento, mas seis meses ou um ano depois são soltos e continuam a viver grandes vidas”, constata e lamenta o coronel. O titular da pasta da Defesa, num dos seus discursos a propósito da celebração do 26º aniversário criação das FAA, referiu expressamente que a capacitação das Forças Armadas passa pela “construção e reabilitação de quartéis e infra-estruturas de acomodação das tropas”. Será que o ministro Salviano de Jesus Sequeira ”Kianda” desconhece este desvio de fundos? Será que, como pretende o Governo, a criação de indústrias de defesa, de forma a reduzir a dependência externa no fornecimento de bens e serviços essenciais às FAA, não será mais uma forma de tapar o Sol com uma peneira? Diz o sucessor de João Lourenço na pasta da Defesa que isto é “no sentido de permitir também a atracção de militares fora do activo, quer por limitação de tempo, como por limitações físicas, assim como de jovens provenientes dos diferentes cursos nas instituições académicas”. Ressaltou que hoje, além das missões consagradas na Constituição, colocam-se igualmente outros desafios, aliados aos compromissos in- ternacionais, como as missões de apoio à paz e, a nível interno, de apoio às populações em situações de emergência e catástrofes naturais, o combate ao terrorismo e a imigração ilegal, o que exige que estas sejam bem treinadas e equipadas. Neste sentido, exortou as unidades, estabelecimentos e órgãos no sentido de transformarem-se em verdadeiras escolas, onde seja relançada a necessidade do domínio dos meios e equipamentos colocados à disposição dos militares, tirando dele os melhores rendimentos. Com vista a banir e prevenir a ocorrência de más práticas que mancham o bom nome das FAA, será – diz o ministro - reforçada a vigilância, controlo e a inspecção, de formas a aferir o cumprimento rigoroso das normas legais e a punição daqueles que insistirem em actuar à margem da lei. Estaria a pensar na questão dos montantes desviados? Referiu igualmente que o seu Ministério irá empenhar-se na actualização do pacote legislativo de modo a corrigir as assimetrias, injustiças e, inclusive, atitudes que têm vindo a prejudicar a organização, funcionamento e a disciplina no seio das FAA e, concomitantemente, a imagem desta relativamente a sociedade civil. Destacou ainda a importância de se aproveitar actual momento de paz que o país vive para que as FAA se empenhem, doravante, na preparação combativa operativa, técnica e científica, bem como apostar na realização e participação em exercícios de operações de manutenção de paz.