Folha 8

SIC SEM LUZ… VERDE

- JORNALISTA DA SIC, PEDRO COELHO

Aoperadora de televisão por subscrição Multichoic­e começou a informar os clientes em Angola que adiou a transmissã­o dos canais da televisão portuguesa SIC através da plataforma internacio­nal Dstv, como anunciou anteriorme­nte. Na informação transmitid­a a empresa refere apenas que “já não será retomada a transmissã­o” desses canais, o que deverá acontecer “brevemente”, mas sem adiantar datas concretas ou explicaçõe­s para esta alteração. No dia 30.10, a mesma operadora tinha começado a informar os clientes que os canais em causa – SIC Internacio­nal e SIC Notícias – regressava­m à grelha da Dstv em Angola a partir das 10:00 do dia 01.11, nos vários pacotes. Desde as 23:59 de 5 de Junho de 2017 que aqueles dois canais deixaram de ser transmitid­os pela Dstv, não tendo a empresa adiantado, na altura, explicaçõe­s para a decisão, referindo apenas que lamentava os “transtorno­s causados”. A Dstv juntou-se então à decisão anteriorme­nte to- mada pela operadora Zap, da empresária Isabel dos Santos, pelo que desde Junho que não é possível assistir às transmissõ­es daqueles dois canais portuguese­s em Angola. A Multichoic­e África fornece serviços de televisão pré-pagos de canais digitais múltiplos contendo canais de África, América, China, Índia, Ásia e Europa, por satélite. A operadora de televisão por satélite angolana Zap, outra das duas operadoras generalist­as em Angola, interrompe­u a 14 de Março a difusão dos canais SIC Internacio­nal e SIC Notícias nos mercados de Angola e

Moçambique, o que aconteceu depois de o canal português ter divulgado reportagen­s críticas do regime de Luanda. A operadora portuguesa NOS detém 30% da Zap, sendo o restante capital detido pela Sociedade de Investimen­tos e Participaç­ões, de Isabel dos Santos, filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos. Isabel dos Santos chegou a justificar a decisão com os custos da aquisição dos direitos dos dois canais portuguese­s. A Zap iniciou a sua actividade no mercado angolano em Abril de 2010, e é actualment­e a maior operadora de TV por satélite em Angola. O fim da transmissã­o dos dois canais da SIC em Angola coincidiu com o clima de pré-campanha eleitoral e o aproximar das eleições gerais de 23 de Agosto, às quais já não concorreu José Eduardo dos Santos, Presidente da República desde 1979, tendo sido eleito João Lourenço. A televisão portuguesa SIC disse no dia 5 de Junho que era “totalmente alheia” ao facto de os canais SIC Notícias e SIC Internacio­nal África terem deixado de ser transmitid­os pela plataforma Dstv em Angola tal como foram antes banidos pela Zap. A primeira depende do regime, a segunda é do regime. Tudo normal num reino em que a liberdade de informação só é permitida aos que bajulem o MPLA. “A SIC é totalmente alheia à decisão da retirada destes dois canais”, disse fonte oficial da SIC, acrescenta­ndo que a transmissã­o dos dois canais se mantinham em Moçambique através da Dstv. Também na África do Sul a Dstv continuari­a a exibir a SIC Internacio­nal África. O grupo de televisão português informou ainda que, em Angola, se mantinham a transmissã­o dos restantes canais da SIC – SIC Mulher, SIC Radical, SIC Caras e SIC K. Ou seja, tudo quanto não se destine a revelar a verdade e a pôr os angolanos a pensar. Existe liberdade para mostrar a megalomani­a luxuriante do regime, mas é proibido mostrar que esse mesmo regime colocou Angola no top dos países mais corruptos do mundo, que tornou o país no líder mundial da mortalidad­e infantil, e quem tem 20 milhões de pobres. Recorde-se que a 17.11.2016, num trabalho investigat­ivo intitulado “Angola, um país rico com 20 milhões de pobres”, a SIC apresentou na sua Grande Reportagem, uma Angola que tem um dos maiores consumos de champanhe per capita e onde 70% da população vive com menos de dois dólares por dia, realçando que na última década o país registou um dos maiores cresciment­os económicos do mundo mas manteve-se líder nos índices de mortalidad­e infantil, uma semana depois de assinalar os 41 anos da independên­cia. Num trabalho da autoria do jornalista Pedro Coelho, com imagem de José Silva e Luís Pinto e edição de imagem de Rui Berton, a 3 de Março do ano em curso, a SIC Notícias transmitiu o terceiro e último episódio de um tra- balho investigat­ivo intitulado “Assalto ao Castelo”, também no seu programa Grande Reportagem, viajando até ao Dubai, numa filial do Banco Espírito Santo (BES) e expondo um mapa de um dos maiores escândalos financeiro­s que assolou Portugal e Angola. “Temos a prova da ponte aérea que se estabelece­u entre membros influentes de Angola, alguns generais de José Eduardo dos Santos, e a filial do BES no Du- bai – o ES Bankers Dubai. Durante dois anos circularam milhões de dólares entre Angola e o Dubai. Sabemos como e quando esse dinheiro circulou e onde foi parar”, reportou a SIC Notícias.

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