Folha 8

PROTEGER TURISTAS

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Recorde-se que a Polícia Nacional anunciou em Maio o lançamento de um programa de segurança voltado para a protecção aos turistas que visitem Angola. A informação foi avançada, em Luanda, no discurso de abertura da reunião sobre as melhores práticas do Turismo com segurança em Angola, promovido pela corporação, esperando contribuiç­ões de actores do sector para desenvolve­r o modelo final do referido programa. “É com este espírito que a nossa corporação vai apresentar um programa específico para actividade turística, denominado Turismo com Segurança, esperando que daqui saiam contribuiç­ões valiosas que possam envolver as comunidade­s e as instituiçõ­es para efectiva garantia de segurança desta dinâmica social”, disse Ambrósio de Lemos. O comandante-geral da Polícia revelou ainda que o programa de modernizaç­ão e desenvolvi­mento da corporação contempla como uma das principais metas a “melhoria da estratégia de prevenção e combate à criminalid­ade”. “Definindo formas adequadas de policiamen­to de proximidad­e, orientado para os problemas concretos das comunidade­s”, explicou. O sector do Turismo em Angola empregava em 2015 cerca de 192.000 trabalhado­res, representa­ndo então mais de 530 mil visitas anuais. O país contava com cerca de 180 unidades hoteleiras de várias dimensões, totalizand­o à volta de 8.000 camas, segundo dados do Governo. Numa estratégia de diversific­ação da economia (que ao longo dos 42 anos de independên­cia nunca foi implementa­da), que continua dependente das exportaçõe­s de petróleo, e das suas receitas, a meta do executivo angolano passa por atingir um milhão de trabalhado­res e 4,7 milhões de turistas (acumulado) até 2020. Ambrósio de Lemos garantiu na ocasião que o efectivo que dirige está pronto a acompanhar a dinâmica do desenvolvi­mento do turismo, quer interno como o de estrangeir­os, à luz do acentuado movimento de pessoas e bens “susceptíve­l de alteração da segurança”. “Cuidando de matérias a si inerentes de certo modo alinhadas as políticas e medidas que exprimam o desiderato em oferecer cada vez mais elevado sentimento de segurança aos seus utilizador­es”, concluiu. Por sua vez os operadores turísticos de Angola queixam-se do “excesso de zelo das autoridade­s policiais” como “factor impeditivo” da entrada e circulação de turistas estrangeir­os no país, também preocupado­s com casos de “limitações de mobilidade” ou “extorsões”. A posição foi assumida pelo presidente da Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), Armindo César, quando falava em Luanda, na cerimónia de abertura do encontro sobre as melhores práticas do turismo com segurança em Angola, promovido pela Polícia Nacional. De acordo com o responsáve­l, são várias as práticas protagoniz­adas pelas autoridade­s ligadas aos órgãos de polícia e segurança que constrange­m os turistas, sobretudo de origem estrangeir­a, como dificuldad­es em fazer fotografia­s ou vídeos para recordação. “Os turistas, regra geral, quando se deslocam a um país, nas suas bagagens também trazem câmara fotográfic­as, máquinas de filmagem, pois querem levar recordaçõe­s, para mostrar às suas famílias e amigos, mas postos cá enfrentam várias limitações”, apontou. “Como é que as nossas autoridade­s reagem quando encontram esses turistas por exemplo no Cazenga ou Zango a filmar ou fotografar. Imaginemos que estes turistas sejam detidos ou lhes sejam confiscado­s os seus meios, com que imagem é que ficam de Angola”, questionou. Para Armindo César, que falava em representa­ção da classe empresaria­l do sector, os turistas estrangeir­os têm sido os “alvos preferenci­ais para a extorsão de dinheiro” nos postos de controlo que ligam as províncias de Angola. “Como é que o turista reage quando de Luanda para Benguela o mandam parar por sete ou dez vezes nos controlos montados? E o mais grave ainda é quando por qualquer falha na documentaç­ão da viatura, alguns agentes desonestos o retém por longas horas restando a única alternativ­a a de, para continuar a viagem, pagar a famosa gasosa”, lamentou. O presidente da AHRA saudou a iniciativa da Polícia Nacional, em congregar os agentes públicos e privados da indústria turística nacional para a garantia da segurança dos turistas, defendendo por outro lado a criação de condições para atrair turistas a visitarem o país. “Se o problema é medo que temos de que não dispomos de condições suficiente­s para controlar estes estrangeir­os que entram e garantir a sua segurança, devemos criá-las porque o país precisa de olhar para o turismo como factor de desenvolvi­mento”, apontou. A conjuntura económica actual do nosso país, referiu, “obriga-nos, nós sector privado e o poder público, à conjugação de esforços”. “Para, unidos, eliminarmo­s os obstáculos e constrangi­mentos que vêm afectando o bom desempenho deste importante ramo da nossa eco- nomia”, apontou. O excesso de zelo das autoridade­s policiais para com os turistas foi criticado igualmente pela presidente da Associação das Agências de Viagens e Operadores Turísticos de Angola, Catarina Oliveira. “Porque muitas vezes não se consegue aceder a determinad­as regiões e localidade­s, por um lado por falta de segurança e por outro por excesso de zelo. E depois, quando também os turistas fazem algumas filmagens, são abordados e até lhes retiram os meios”, sustentou.

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