DÓLARES, DÓLARES, DÓLARES
Acresce que Alves da Rocha já em Dezembro de 2015 defendeu que mais do que a introdução do euro ou do yuan chinês em Angola, como alternativa aos escassos dólares, é necessário priorizar, em definitivo, o acesso a divisas. Para Alves da Rocha a moeda estrangeira deve “deixar de circular em paralelo” com o kwanza, como acontece actualmente, mas agravada com a desvalorização da moeda nacional face ao dólar norte-americano, devido à crise cambial em Angola. A escassez de dólares nos bancos angolanos – que compromete importações e viagens ao estrangeiro de cidadãos angolanos – é explicada, além da crise do petróleo, também pelo corte no fornecimento de bancos norte-americanos, alegadamente por dúvidas sobre lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo a partir dos movimentos de divisas por Angola. “A nossa confiança no kwanza será cada vez maior à medida que sentirmos que há possibilidade de cobrirmos as necessidades que temos de moeda externa, quer os agentes empresariais quer as famílias no geral. Não vejo que haja necessidade de ter aqui o dólar a circular em paralelo com o kwanza, ou o próprio euro e o yuan”, defendeu na altura Alves da Rocha. Para Alves da Rocha, o processo de ‘desdolorização’ da economia angolana, que se acentuou no primeiro semestre de 2014, não deve ser travado devido à crise actual, mas é necessário uma “gestão correcta e realista da situação” por parte do BNA, que gere o acesso à moeda estrangeira. “Creio que não haverá necessidade de nós estarmos aqui a coexistir com o dólar, porque não é isso que se passa nos outros países, em que circula a moeda nacional e quando há necessidade de fazer transferências os bancos garantem-nas. Isso dá confiança a todos os agentes económicos para utilizar a moeda nacional”, defendeu Alves da Rocha. “O importante é que o sistema bancário, e dentro das limitações actuais, nos dê a garantia de que quando necessário, devidamente certificado para evitar fuga de capitais ou lavagem de dinheiro, temos acesso a essas divisas. Aí, não teremos necessidade nem do euro, do yuan ou do dólar”, rematou o economista.