LUATY BEIRÃO APRESENTA FINALMENTE “SOU EU MAIS LIVRE, ENTÃO” EM LUANDA
O activista Luaty Beirão publica a 9 de Novembro no Hotel Globo (Luanda), o seu diário de prisão, intitulado “Sou eu mais livre, então” editado pela Tinta-da-china. A apresentação formal da obra estará a cargo do jornalista Reginaldo Silva.
Odiário agora transformado em livro resulta da vivência e detenção do autor na prisão de Calomboloca e nos morosos dias de cárcere privado em outros estabelecimentos penitenciários do país. Nele o leitor, encontra a narrativa emotiva, os medos, os anseios, o modo de funcionamento dos serviços prisionais, desabafos, os elogios a forma humana como são tratados os presos de consciência bem como o desejo de liberdade. O autor é uma das vozes sonantes da luta pela democracia e direitos humanos em Angola. Faz parte do grupo de 15 homens que foram detidos a 20 de Junho de 2015, em Luanda, por terem criticado publicamente o regime de José Eduardo dos Santos e por estarem a ler o livro “Da Ditadura à Democracia” de Gene Sharp. A situação em Luanda é já “ligeiramente diferente” e Luaty considera que estão a ser dados os primeiros passos no caminho da liberdade e da democracia plena. “Começou a haver a inversão do medo. Este é o primeiro passo. As pessoas começam a desafiar os seus próprios temores”. No entanto, o processo de evolução na política e na sociedade ainda precisa de grandes es- forços nesse sentido. “O método de conter as vozes dissonantes não vai durar para sempre. Seria um grande passo se este regime admitisse que não está a conseguir um regime transparente”.
Sobre uma carreira enquanto político, Beirão, de 35 anos, não demonstra qualquer interesse. “Tenho sempre uma expectativa baixa em relação aos políticos. Prefiro, continuar a dar as minhas ideias e continuar a ser eu”, concluiu o activista luso-angolano. De realçar que o autor participou no inicio do ano na 87ª edição da Feira do Livro de Lisboa e na 43ª edição da Feira do Livro do Funchal, ambas em Portugal.