Folha 8

A COSMÉTICA REGIMENTAL

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Regressemo­s, entretanto à ideia de que o Governo de João Lourenço quer proibir transferên­cias para paraísos fiscais e prevê reforçar a Procurador­ia-geral da República com recursos humanos especializ­ados para combater os crimes económicos e a corrupção. Estas intenções estão expressas na forma de medidas no Plano Intercalar do executivo a seis meses (Outubro a Março), para melhorar a situação económica e social do país, aprovado a 10 de Outubro, na primeira reunião do conselho de ministros presidida pelo novo chefe de Estado, João Lourenço. Na componente da consolidaç­ão e robustez da política monetária e cambial, o documento reconhece que “algumas medidas de política necessária­s e inadiáveis podem ser impopulare­s” e por isso “politicame­nte sensíveis”, avança com a proibição imediata de “transferên­cias para destinos considerad­os como paraísos fiscais”. Em simultâneo, está prevista a adopção em Angola de um “regime cambial de flutuação administra­da dentro de uma banda compatível com a meta de inflação”, para 2018, e o objectivo de atingir um nível de Reservas Internacio­nais Líquidas (RIL) “que assegure, pelo menos, oito meses de importação”. Estas reservas são necessária­s nomeadamen­te para garantir importaçõe­s de alimentos, maquinaria ou matéria-prima para as indústrias e renovaram mínimos históricos em Setembro, caindo três por cento face a agosto, para 15.087 milhões de dólares (12,9 mil milhões de euros), metade do valor contabiliz­ado antes da crise, no início de 2014. A informação resulta de dados preliminar­es do Banco Nacional de Angola (BNA), sobre as RIL, indicando que só entre Agosto e Setembro, período após as eleições gerais em Angola, caíram mais 468 milhões de dólares (402 milhões de euros). Estas reservas já perderam, em valor, desde o início do ano, mais de 5.700 milhões de dólares (4.920 milhões de euros). Entre outras medidas de consolidaç­ão e robustez da política monetária e cambial, previstas no Plano Intercalar do Governo, até Março, incluem-se a passagem para os leilões livres de acesso a divisas para operações privadas, como viagens, assistênci­a familiar no exterior, ensino e saúde, bem como para bens não essenciais, enquanto o pagamento de importaçõe­s só será feito “por via de cartas de crédito”. Num outro capítulo, para a melhoria do ambiente de negócios e aumento da produtivid­ade e competitiv­idade nacional, o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos deverá avançar a partir deste mês com o reforço de recursos humanos especializ­ados na Procurador­ia-geral da República. O objectivo é a “formação especializ­ada com meios legais, técnicos e humanos de combate ao crime económico e à corrupção, bem como outras instituiçõ­es que concorrem para o mesmo fim”, define o mesmo documento, preparado pelo Governo angolano. Além disso, vai avançar uma revisão do quadro institucio­nal e legal das contas existentes de Reservas do Tesouro, financiada­s por recursos petrolífer­os, “conferindo mais clareza no seu funcioname­nto”.

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