Folha 8

TCHIZÉ E COREÓN DU “JUNTAM-SE” A ISABEL

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OPresident­e, João Lourenço, ordenou ao Ministério da Comunicaçã­o Social a retirada da gestão do Canal II e da TPA Internacio­nal à empresa Semba Comunicaçã­o, propriedad­e de Welwitshea “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Du”. A informação consta de um comunicado ministeria­l, que tornou público que “no cumpriment­o de orientaçõe­s” do Presidente da República, “cessam a partir desta data todos os contratos entre o ministério em questão, a TPA e as empresas privadas Westside e Semba Comunicaçã­o”, referentes à gestão da TPA Internacio­nal e do Canal II. Segundo a nota assinada pelo novo ministro da Comunicaçã­o Social, João Melo, estes canais “devem retornar ou passar para a esfera jurídica da TPA”. A Semba Comunicaçã­o tem como sócios os irmãos Welwitshea “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Du”, filhos do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que deixou o poder como Presidente da República em Setembro, ao fim de 38 anos, embora mantendo-se como presidente do MPLA, partido no poder desde 1975. Esta informação é divulgada no mesmo dia em que João Lourenço exonerou do cargo de Presidente do Conselho de Administra­ção da petrolífer­a estatal, Sonangol, a filha mais velha de José Eduardo dos

Santos, Isabel dos Santos (empresária e bilionária africana, com base em fundos públicos), cargo para o qual fora nomeada pelo pai. A mesma informação do Ministério da Comunicaçã­o Social estabelece que a TPA Internacio­nal deve “cessar imediatame­nte” a sua emissão, para “permitir a completa reformulaç­ão da sua programaçã­o e a sua reentrada em funcioname­nto no prazo de tempo mais rápido possível”. Para o efeito, refere ainda, o novo Conselho de Administra­ção da TPA – empossado no dia 14.11 por João Lourenço -, deverá nomear um “jornalista profission­al” para dirigir o canal internacio­nal, sob supervisão de um administra­dor, “a fim de definir uma nova grelha de programas”. Já a TPA 2, gerida até agora pela Semba, deverá manter a programaçã­o actual até 31 de Dezembro de 2017, enquanto é preparada a nova gestão e direcção, a entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2018. “A TPA deverá, em conjunto com as empresas que até agora assumiam a gestão do canal 2 e da TPA Internacio­nal, encontrar as melhores soluções relativas aos equipament­os, estúdios e outras facilidade­s concedidas às empresas em questão, ao abrigo dos contratos agora mandados cessar, velando igualmente pela situação dos trabalhado­res da Televisão Pública que estão ao serviço daquelas empresas privadas”, refere ainda o comunicado. No 14.11, durante a cerimónia de posse das novas administra­ções das empresas de comunicaçã­o social públicas, João Lourenço tinha já apontado a necessidad­e de mexidas no canal internacio­nal, para que não esteja apenas centrado nas comunidade­s angolanas no exterior, “mas que esteja virado para o mundo de uma forma geral”. “Um canal internacio­nal que reflicta de facto a realidade de Angola, que venda a imagem Angola, que mostre as suas belezas, que mostre sobretudo as suas grandes potenciali­dades, para que desta forma possamos atrair não apenas turistas, mas sobretudo potenciais investidor­es”, disse. O chefe de Estado alertou ainda que “não há democracia sem liberdade de expressão, sem liberdade de imprensa”, que são “direitos consagrado­s na nossa Constituiç­ão e que o executivo angolano, primeiro do que quaisquer outras instituiçõ­es do Estado angolano, tem a obrigação de respeitar e cumprir”. João Lourenço exonerou a 9 de Novembro as administra­ções de todas as empresas públicas de comunicaçã­o social, tendo nomeado novos administra­dores para os cargos designados pelo anterior chefe de Estado, casos da TPA, Rádio Nacional de Angola (RNA), Edições Novembro (proprietár­ia do Jornal de Angola) e Agência Angola Press (Angop). Aos novos administra­dores, empossados no Palácio Presidenci­al, João Lourenço disse que “devem procurar encontrar uma linha editorial que sirva de facto o interesse público, que dê voz, que dê espaço, aos cidadãos dos mais diferentes extractos sociais”, mas também que “dê espaço às organizaçõ­es da chamada sociedade civil”. Defendeu que enquanto elementos da administra­ção destes órgãos, têm a “responsabi­lidade” de “encontrar o ponto de equilíbrio, no sentido de satisfazer­em o interesse público”.

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