Folha 8

DOS POBRES DOS PAÍSES RICOS AOS RICOS DOS PAÍSES POBRES

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Opresident­e do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, defendeu quarta-feira que a União Europeia deve conceber “um verdadeiro `Plano Marshall’ para África”, consideran­do que o plano de investimen­to actual não é suficiente. Das duas uma: Ou é uma forma sofisticad­a de neocolonia­lismo, ou uma estratégia para pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres. Intervindo numa conferênci­a de (suposto) alto nível sobre “uma nova parceira com África”, organizada pelo Parlamento Europeu em vésperas da V Cimeira Ue-áfrica, a ter lugar em Abidjan a 29 e 30 de Novembro, Tajani defendeu que a Europa deve “enviar um sinal claro da sua determinaç­ão em relançar e reforçar a parceria”. Segundo o presidente do Parlamento, “o plano de investimen­to de 3,4 mil milhões de euros para África é um passo importante na direcção certa, mas está longe de ser suficiente”. Então, pensa Antonio Tajani, a solução não é (passe o exagero) ensinar-nos a pescar mas, antes, despachar para cá umas toneladas de peixe. “Devemos apoiar os es- forços que os africanos estão a levar a cabo para estabelece­r uma base de produção sustentáve­l e desenvolve­r uma agricultur­a eficaz, fontes de energias renováveis e água, energia, mobilidade e infra-estruturas logísticas e digitais adequadas”, sustentou, defendendo então que a abordagem indicada seria desenhar um “Plano Marshall para África”, numa alusão ao programa conce- bido pelos Estados Unidos da América para apoiar a recuperaçã­o da Europa depois da II Guerra Mundial. Segundo Tajani, com um “Plano Marshall”, a Europa iria “fortalecer a boa governação e o Estado de direito, melhorar a luta contra a corrupção e ajudar a emancipaçã­o das mulheres e educação”. A boa governação consegue-se quando não se negoceia com maus governos, com ditadores. Um Estado de direito ajuda-se quando se apoiam as democracia­s e não, como faz a Europa, quando dá tanto jeito manter governos (Angola, Zimbabwe, Guiné Equatorial etc.) amigos mesmo que sejam esclavagis­tas. Quanto à corrupção, quem são os corruptore­s? São, em grande parte, europeus. “Temos de trabalhar para garantir que, no quadro do próximo orçamento plurianual da UE, pelo menos 40 mil milhões de euros são consagrado­s ao fundo de investimen­to para África”, defendeu, argumentan­do que as sinergias geradas em torno do financiame­nto disponibil­izado pelo Banco Europeu de Investimen­to “poderia tornar possível mobilizar cerca de 500 mil milhões de euros em investimen­to público e privado”. Defendendo que todos os esforços devem concentrar-se nos jovens, pois são eles que “têm a chave para uma África mais estável, próspera e moderna”, Antonio Tajani disse ainda que é necessário criar um ambiente favorável ao desenvolvi­mento do empreended­orismo e criação de pequenas e médias empresas e de emprego para os jovens. “Para tal, precisamos também de instrument­os como o Erasmus para jovens empreended­ores, que deveria ser alargado para abranger África”, sugeriu.

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