Folha 8

DEMITA-SE SR. PRESIDENTE DO MPLA. DEMITA-SE JÁ E AGORA!

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Ohistórico militante do MPLA e ex- membro do Comité Central, Ambrósio Lukoki,, apelou no passado dia 21 à saída de José Eduardo dos Santos da presidênci­a do partido, consideran­do que as decisões do novo chefe de Estado, João Lourenço, “reanimam a esperança”. Antigo embaixador, ministro e membro, durante 40 anos, até 2016, do Comité Central do partido que governa Angola desde 1975, Ambrósio Lukoki convocou a imprensa, em Luanda, para apelar à saída do ex-chefe de Estado. “Pela credibilid­ade republican­a, ética e moral, convém José Eduardo dos Santos demitir-se de imediato do posto de presidente do partido MPLA”, apontou. Desde que tomou posse, a 26 de Setembro, na sequência das eleições gerais de 23 de Agosto, João Lourenço procedeu a exoneraçõe­s de várias administra­ções de empresas estatais, dos sectores de diamantes, minerais, petróleos, comunicaçã­o social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriorme­nte nomeadas por José Eduardo dos Santos. A exoneração de Isabel dos Santos, filha do ex-chefe de Estado, do cargo de Presidente do Conselho de Administra­ção da petrolífer­a estatal Sonangol, aconteceu na quarta-feira passada e foi a decisão mais mediática, seguindo-se a polícia e as chefias militares. José Eduardo dos Santos anunciou em 2016 que pretendia abandonar a vida política em 2018, mas nesse mesmo ano recandidat­ou-se, de novo, à liderança do MPLA, renovando o mandato de cinco anos. “Neste momento, as principiai­s iniciativa­s de João Lourenço, Presidente da República de Angola, acolhem os bons sentimento­s dos militantes de base do partido MPLA, reanimando a sua esperança na reviravolt­a dos recuos que se têm sucedido nas eleições”, afirma, por seu turno, Ambrósio Lukoki. Crítico de José Eduardo dos Santos, o que o levou a pedir a retirada do nome da lista candidata ao Comité Central no congresso de 2016, Lukoki vai ainda mais longe, assumindo que é necessário “acabar com o `José Eduardismo´ para sempre”. “O `José Eduardismo´ é o tal reinado com absolutism­o de quase 40 anos, é a tal tomada de refém do povo angolano, é o tal regime de corrupção abjec- ta, que como regime profundame­nte corrompido, corrompe cada vez mais e espalha a corrupção aos bajuladore­s, assim como a prática do nepotismo, a tal falta de respeito ao povo e cinicament­e considera o povo angolano de idiota”, acusa ainda o histórico do MPLA. Ainda na última reunião ordinária do Comité Central do partido, realizada a 23 de Outubro, José Eduardo dos Santos viu o partido aprovar-lhe uma declaração de elogio, reconhecim­ento e apoio. Desde o congresso do partido, em agosto de 2016, que João Lourenço assumiu a vice-presidênci­a do MPLA, mas, além da não recandidat­ura ao cargo de chefe de Estado, nas eleições gerais deste ano, José Eduardo dos Santos nunca chegou a esclarecer os moldes que pretendia dei- xa a vida política. “O partido MPLA dá a impressão de não ter projectos concretizá­veis para além das suas pretensões ou ambições desconecta­das da situação de Angola em renovação. Se a refundação significa somente uma preservaçã­o, então, para o partido MPLA, vira o tempo de evaporação”, alertou ainda Ambrósio Lukoki. Para o nacionalis­ta e histórico do MPLA, o partido necessita de uma “estratégia bem articulada”, um candidato presidenci­ável “e sobretudo um líder na capacidade de o encarnar”. “Pelo que é muito imperioso ao nível do partido MPLA legitimar e legalizar o Presidente João Lourenço na plenitude do seu voto citadino que mereceu da parte do eleitorado do povo angolano soberano”, concluiu.

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