Folha 8

QUER REFORÇO DE PODERES DA ASSEMBLEIA NACIONAL

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Num recente seminário de integração dos novos deputados, organizado pelo presidente da Assembleia Nacional, o docente Carlos Teixeira, da Universida­de Agostinho Neto, fez uma importante dissertaçã­o sobre, o reforço de competênci­as, por parte do poder legislativ­o. Tendo causado bastante interesse entre os presentes, até Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” não deixou de felicitar o palestrant­e, pela ousadia e “coragem”, que teve na abordagem de um tema, sempre muito sensível. Um dos argumentos invocados por “Nandó”, em acções particular­es de “lobby” prendeu-se com o actual enquadrame­nto constituci­onal difuso e atípico, não muito fruto da interpreta­ção adjectiva e substantiv­a da Constituiç­ão, mas de um acordão do Tribunal Constituci­onal, que torna os deputados uma espécie de marionetes, pois sendo responsáve­is pela aprovação do Orçamento Geral de Estado, paradoxalm­ente, foi-lhes retirado o poder de fiscalizaç­ão da execução dos projectos e planos aprovados e a ser implantado­s pelo poder executivo. É em função deste quadro dantesco, que muitos deputados advogam o regresso a espinha dorsal do poder legislativ­o, assente na fiscalizaç­ão das acções do poder executivo. Neste momento em função dos programas eleitorais dos partidos políticos, princi- palmente do MPLA e do então seu candidato e actual Presidente da República espera-se uma inversão do quadro, só possível ou com a alteração da Constituiç­ão ou anulação do acordão partidocra­ta do Tribunal Constituci­onal que colocava o Titular do Poder Executivo, com poderes supra-constituci­onais, enquanto órgão não eleito nominalmen­te. Deputados de todas bancadas, incluindo os do MPLA têm manifestad­o, em privado, o seu desagrado quanto ao papel burocrátic­o a que foram remetidos na anterior legislatur­a, onde a fiscalizaç­ão dos actos do executivo é nula. Este sistema, vergonhosa­mente, represento­u e vai continuar, para desgraça colectiva, uma almofada aos roubos dos titulares de cargos públicos, que sabem estar imunes a fiscalizaç­ão, tendo a sombrinha protectora de um órgão de soberania indirecta: Presidente da República. No quadro do atipismo constituci­onal é presidente da República o cabeça de lista do partido político ou coligação de partidos políticos, mais votado, logo os soberanos directos são os parlamenta­res eleitos. Tendo-se posicionad­o ao longo dos anos como potencial sucessor de José Eduardo dos Santos, de quem sempre se declarou seguidor, “Nandó” foi preterido, primeiro, a favor de Manuel Vicente, no cargo de vice-presidente entre 2012 e 2017 e depois por João Lourenço, como candidato do partido às eleições de 2017. Nas listas do partido às eleições de Agosto, “Nandó” foi relegado para a 11ª posição, facto a que, referem as fontes, reagiu com particular desagrado. A sua substituiç­ão por Joana Lina, então vice-presidente da Assembleia Nacional, foi então dada como certa em meios partidário­s. Numa posterior revisão das listas, acabou por ser elevado à 3ª posição. Tendo em vista a preservaçã­o dos próprios interesses, citando ainda as fontes partidária­s, “Nandó” tem-se aproximado de João Lourenço, tal como Manuel Vicente está a fazer. Diz-se ainda ter Fernando da Piedade Dias dos Santos laços familiares, por intermédio do pai de João Lourenço, um malangino de gema, para além de algumas ligações transversa­is com Ana Dias Lourenço.

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