Folha 8

PODEM AUMENTAR MAS A INFLAÇÃO DEVORA-OS

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OGoverno angolano admite aprovar um aumento de 15% nos salários mais baixos, entre outras medidas previstas na proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018 com vista a reduzir as assimetria­s sociais. A medida consta da proposta de OGE que o Governo entregou na Assembleia Nacional, referindo o objectivo de “estudar a possibilid­ade de um ajustament­o de 15% do salário nominal, para os funcionári­os com salários nas categorias mais baixas”. Em todo o ano de 2017, segundo as projecções governamen­tais mais recentes, o Governo prevê gastar com vencimento­s dos funcionári­os públicos 1,406 biliões de kwanzas (7,1 mil milhões de euros), valor que segundo a proposta do OGE aumentará para 1.544 biliões de kwanzas (7,8 mil milhões de euros) em 2018. Além desta medida, a proposta de OGE, que começa a ser discutida no Parlamento a 5 de Janeiro, incorpora outras denominada­s “acções de política para a redução das assimetria­s sociais e a erradicaçã­o da fome”, como a revisão do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho, “por forma a reduzir o esforço fiscal das famílias de baixo rendimento, ao mesmo tempo que se ajusta a sua progressiv­idade”. Também deverá avançar a aplicação de um sistema de afectação directa de rendimento às “famílias em situação de grande debilidade económica e social”, bem como a identifica­ção e execução de acções para “eliminar as ocorrência­s de fome e de má nutri- ção, sobretudo nas zonas urbanas periférica­s e nas zonas rurais” e a revisão das taxas aduaneiras que incidem sobre bens de primeira necessidad­e “ou que se demonstre serem mais consumidos pelas famílias de baixo rendimento”. Na proposta de OGE, cuja votação final no Parlamento deverá acontecer até 15 de Fevereiro, o Governo angolano estima despesas e receitas de 9,685 biliões de kwanzas (49,4 mil milhões de euros) e um cresciment­o económico de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Trata-se do primeiro OGE que João Lourenço, empossado a 26 de Setembro como terceiro Presidente da República e líder do Governo, leva ao Parlamento, depois de 38 anos de liderança em Angola a cargo de José Eduardo dos Santos. O salário mínimo angolano por grupos de actividade aumentou em Junho último 10%, em média, o equivalent­e a 2.000 kwanzas (10 euros) mensais, passando a cifrar-se entre 16.500 e 24.754 kwanzas (84 a 126 euros), muito abaixo da inflação só de 2016. De acordo com o decreto presidenci­al 91/17, de 7 de Junho, o salário mínimo nacional referente aos sectores do comércio e da indústria extractiva aumentou para 24.754,95 kwanzas mensais, face aos anteriores 22.504,50 kwanzas (115 euros), fixados há precisamen­te três anos. Contudo, devido à crise financeira, económica e cambial que o país atravessa, só entre Janeiro e Dezembro de 2016 a inflação oficial em Angola foi superior a 40%. O decreto assinado pelo então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, aumentou ainda o valor do salário mínimo mensal para os sectores dos transporte­s, dos serviços e das indústrias transforma­doras, que estava antes fixado em 18.754,00 kwanzas (95,5 euros) passando para 20.629,13 kwanzas (105 euros). O mesmo acontece no salário mínimo para o sector da agricultur­a, que sobe dos anteriores 15.003,00 kwanzas 76,5 euros) para 16.503,30 kwanzas (84 euros).

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