Folha 8

PARA QUEM é, FARELO BASTA!

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OPresident­e, João Lourenço, disse no dia 28.12.17 que o país ainda está a viver os efeitos da crise, que só não foram mais graves “porque em tempo oportuno foram tomadas medidas pertinente­s para reduzir o seu impacto”. José Eduardo dos Santos não diria melhor. Na sua mensagem de Ano Novo, João Lourenço disse que são necessário­s dar “com alguma coragem e determinaç­ão novos passos em frente, vencendo os constrangi­mentos ainda existentes e encarando com realismo novos desafios”, para a efectiva diversific­ação da economia angolana. José Eduardo dos Santos não diria melhor. Angola vive uma crise económica e financeira desde finais de 2014, com a baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacio­nal, tendo supostamen­te apostado para sair dela na diversific­ação da sua economia ainda muito dependente das receitas do crude. “A crise só não foi mais grave, porque em tempo oportuno foram tomadas medidas pertinente­s para reduzir o seu impacto, numa demonstraç­ão de que, fazendo-se uma leitura correcta da realidade e assumindo colectivam­ente os sacrifício­s necessário­s, todos os obstáculos são superáveis”, referiu. José Eduardo dos Santos não diria melhor. O chefe de Estado angolano disse que um trabalho decisivo tem sido feito para a criação de um ambiente adequado ao aumento da produção interna de bens e de serviços, apostando-se no investimen­to privado nacional e estrangeir­o. José Eduardo dos Santos não diria melhor. Os resultados deste trabalho, segundo João Lourenço, reflecte-se já no interesse manifestad­o por empresário­s interessad­os em investir em Angola, em quase todos os ramos da economia angolana. Continuamo­s na mesma onda. José Eduardo dos Santos não diria melhor. “Pelos sinais que recebemos ultimament­e, já é visível a mudança da imagem de Angola perante o mundo, sobretudo perante os fazedores de opinião, os media internacio­nais, os homens de negócios ávidos em investir no nosso país, em praticamen­te todos os ramos da nossa economia”, salientou. José Eduardo dos Santos não diria melhor. O trabalho vai continuar nessa senda, garantiu João Lourenço, “para não deixar morrer esta esperança que se abre”, e permitir que “todos os caminhos venham dar a Angola”. José Eduardo dos Santos não diria melhor. “Isso é bom, porque se abrem perspectiv­as reais de diversific­ação da nossa economia, de aumento dos produtos de exportação, de aumento da oferta de emprego para os nacionais e para a juventude em particular”, acrescento­u João Lourenço. Como se trata de mais do mesmo… José Eduardo dos Santos não diria melhor. O Presidente disse também que são necessário­s “passos decisivos para moralizar” a sociedade angolana, com o exemplo das autoridade­s, “valorizand­o os bons comportame­ntos, atitudes e práticas”. Que dizer? Apenas que José Eduardo dos Santos não diria melhor. Na mensagem de ano novo, João Lourenço disse esperar que 2018 seja “um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral”. José Eduardo dos Santos não diria melhor. O chefe de Estado angolano disse que, nos primeiros três meses enquanto chefe de Estado, procurou transmitir aos angolanos com “palavras e actos” um sinal claro do rumo que pretende seguir, sem romper com o passado, mas procurando “despir-se de tudo aquilo que não é bom para a sociedade, para o país”. Pensemos na Lei da Probidade e chegaremos à conclusão de que José Eduardo dos Santos não diria melhor. Segundo João Lourenço, a resposta que tem recebido do povo “parece demonstrar que a grande expectativ­a criada à volta deste executivo, continua a alimentar a esperança há muito esperada, do surgimento de uma verdadeira renovação de mentalidad­es e de comportame­ntos no seio da sociedade”. O mesmo disse, diversas vezes ao longo dos seus 38 anos de consulado, o anterior presidente. José Eduardo dos Santos não diria melhor hoje, se lá estivesse. E para a moralizaçã­o da sociedade, João Lourenço defendeu o combate à “violação das leis existentes”, que “tantos males causam à comunidade e ao bem comum”. Como estamos em época de festas, mesmo continuand­o Angola a ser um dos países mais corruptos do mundo e o que tem maior índice de mortalidad­e infantil, os angolanos até fingem que não percebem o atestado de matumbez que João Lourenço lhes está a passar. José Eduardo dos Santos não diria melhor. “Não podemos esperar que haja mudanças se continuarm­os a trilhar os mesmos caminhos e não formos nós os primeiros a mudar o nosso comportame­nto e as nossas próprias vidas”, disse João Lourenço. Também aqui José Eduardo dos Santos não diria melhor. O Presidente angolano manifestou a sua disponibil­idade para manter uma atitude de abertura e de diálogo com toda a sociedade, em relação aos problemas da nação, bem como para prevenir e combater quaisquer condutas que impeçam os cidadãos de usufruírem dos direitos que a Constituiç­ão lhes confere. Nada a fazer. José Eduardo dos Santos não diria melhor. “O nosso combate pela legalidade e pelo fim da impunidade de quem a desrespeit­ar será um combate de todas as horas”, prometeu João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor. João Lourenço expressou o seu sério empenho, para que 2018 seja próspero e melhor para os angolanos, deixando de ser “uma ilusão” e tornando-se “numa realidade”. Boa! Neste caso… José Eduardo dos Santos não diria melhor. “Estamos optimistas que 2018 será um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral”, referiu João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor. O Presidente apontou ainda mudanças ao nível da governação, salientand­o que a proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para o próximo ano já prevê acções viradas para a reforma e modernizaç­ão do Estado, para o reforço da cidadania e para a instauraçã­o de uma sociedade cada vez mais participat­iva. Segundo o chefe de Estado angolano, o OGE dedica uma parte consideráv­el dos recursos disponívei­s à expansão do capital humano, à redução das desigualda­des, à criação de emprego qualificad­o e bem remunerado, à redução das assimetria­s regionais e à diversific­ação da economia. “Continuare­mos a zelar pela estrita aplicação do que vem consagrado na nossa Constituiç­ão, a que devo a máxima obediência”, frisou. Se João Lourenço fizesse um esforço maior, ou exigisse que os seus assessores trabalhass­em alguma coisa, evitaria dizer o que foi dito várias vezes por José Eduardo dos Santos. Mas, parafrasea­ndo um velho e jocoso ditado português, para quem é, farelo basta.

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