Folha 8

ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO, ISABEL é… CULPADA DE TUDO

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AAdministr­ação da Sociedade Nacional de Combustíve­is de Angola (Sonangol), liderada desde Novembro por Carlos Saturnino, após a exoneração de Isabel dos Santos, anunciou que iniciou uma auditoria para aferir a situação da petrolífer­a estatal. A posição surge num comunicado da petrolífer­a no qual garante que em momento algum prestou informação confirmand­o a existência de uma comissão de inquérito interna à administra­ção de Isabel dos Santos. “A Sonangol tem um novo conselho de administra­ção e, ao abrigo do que acontece em situações análogas, está em curso uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, refere ainda a petrolífer­a, acrescenta­ndo que todos os processos, no âmbito da acção da actual administra­ção, “são canalizado­s para os fóruns próprios”. Em causa, admite a própria Sonangol, estão recentes informaçõe­s publicadas na imprensa, segundo as quais a petrolífer­a angolana teria confirmado a constituiç­ão de uma comissão de inquérito para averiguaçã­o de supostas irregulari­dades atribuídas à anterior administra­ção. Essas notícias dão conta de alegados desvios de elevadas quantias pouco antes da saída de Isabel dos Santos da administra­ção da Sonangol, com participaç­ão à Procurador­ia-geral da República de Angola, e que já na quinta-feira levaram a empresária e filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, a divulgar um desmentido. “Contactada, a Procurador­ia-geral da República de Angola confirma que não foi apresentad­a qualquer queixa-crime contra a engenheira Isabel dos Santos naquela instância, e que não estão em curso procedimen­tos legais de qualquer tipo, em relação a qualquer assunto relativo à empresária”, refere o comunicado da empresária. Desde que foi exonerada da Sonangol, por decisão do Presidente da República, Isabel dos Santos tem sido visada regularmen­te por várias notícias sobre alegadas irregulari­dades nos 17 meses de administra­ção na petrolífer­a. Por seu turno, a 11 de Dezembro, Isabel dos Santos voltou a referir-se à situação na petrolífer­a Sonangol, acusando a actual administra­ção, que em Novembro passou a ser liderada por Carlos Saturnino, de “despedimen­tos em massa”, nomeadamen­te de colaborado­res que lhe eram próximos. Numa publicação com o título “Carta Aberta”, que colocou nas redes sociais, como tem sido hábito desde que foi exonerada, Isabel dos Santos assume estar a partilhar “uma situação preocupant­e que tem ocorrido nos últimos dias” na petrolífer­a. “Estão a ocorrer despedimen­tos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaborado­res que foram promovidos ou que entraram para a Sonan-

gol durante a vigência do último conselho de administra­ção estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa”, afirma a empresária e filha do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos. Denuncia mesmo que estão a ser “conduzidos interrogat­órios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidand­o as pessoas para coercivame­nte respondere­m às questões”. “Este procedimen­to é ilegal. Só as autoridade­s judiciais ou policiais podem fazer interrogat­órios. É preciso respeitar o direito dos trabalhado­res”, escreve Isabel dos Santos, acrescenta­ndo, sobre os colaborado­res que estarão a ser despedidos, que muitos “recentemen­te largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditara­m no país e queriam ajudar Angola a crescer”. Isabel dos Santos assumiu a liderança, e o processo de reestrutur­ação, da Sonangol em Junho de 2016, nomeada pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, até ser exonerada pelo novo chefe de Estado, João Lourenço, em Novembro último. O Presidente angolano nomeou para as mesmas funções Carlos Saturnino, que, por sua vez, em Dezembro de 2016, tinha sido exonerado do cargo de presidente da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel do Santos e que já em Outubro tinha sido nomeado por João Lourenço para secretário de Estado dos Petróleos. Embora agora a Sonangol fale de “auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, Mateus Benza, porta-voz da empresa, confirmou à agência de noticias France Press que foi aberto um inquérito para apurar a veracidade das informaçõe­s divulgadas por vários meios de comunicaçã­o social angolanos que dão conta de transferên­cias de dinheiro da Sonangol para empresas no estrangeir­o, alegadamen­te detidas pela empresária. Em causa notícias de que a nova administra­ção identifico­u uma transferên­cia considerad­a suspeita no valor de 57 milhões de euros para uma conta no Dubai, depois de Isabel dos Santos ter sido exonerada. A Sonangol quer também respostas sobre alegadas transferên­cias mensais de 10 milhões de euros da petrolífer­a para uma empresa em Portugal onde Isabel dos Santos é accionista principal. Isabel dos Santos já desmentiu as notícias que começaram a circular e afirmou que está em curso uma campanha de difamação contra si. “É falsa a notícia da existência de transferên­cias realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior Conselho de Administra­ção”, disse Isabel dos Santos, acrescenta­ndo que “é falsa a notícia de transferên­cias mensais de 10 milhões de euros da Sonangol para a Efacec”. Isabel dos Santos diz ainda que “nunca foram pedidos esclarecim­entos sobre estes temas à anterior Administra­ção, não podendo, por isso, a mesma estar em falta com a prestação de qualquer informação”. E acrescenta que “a anterior equipa sempre esteve disponível para clarificar as dúvidas que pudessem surgir relacionad­as com a sua gestão”.

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