Folha 8

SERÁ JES UM ÍCONE DA ÉTICA DEMOCRÁTIC­A? I

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Na nossa edição da semana passada passamos em revista, pela rama, o “estádio de Graça” em que se encontra por ora o presidente da República João Gonçalves Lourenço e pusemos em evidência o facto de mesmo já, antes do termo do referido estádio, ser possível fazer o ponto da situação nesta altura, em que o dilema está centrado na indispensá­vel harmonia entre o poder Executivo e o MPLA, partido ainda liderado pelo ex-presidente José Eduardo dos Santos. Acontece que essa harmonia entre os dois actuais mais importante­s manda-chuva do país foi gizado antes das eleições gerais de Agosto passado, sob a liderança de JES, num alarde exageradís­simo de promessas que, por hábito consagrado do ex-presidente, só uma míngua percentage­m passou a ser realidade ao longo dos mais de 32 anos dos seus sucessivos consulados plenipoten­ciários. Todos menos um, para ser exacto, pois o primeiro foi um negativo da foto de todos outros. De facto, foi com extrema humildade qe José Eduardo dos Santos tomou posse do poder em Setembro de 1979. Chegou mesmo a dizer que a sua missão era quase impossível, fazer esquecer o “Guia Imortal” Agostinho Neto era para um Hércules, para ele não, que era só a uma sucessão necessária e que ele faria tudo para se mostrar digno da sua nomeação, surpresa, por ele ser o patinho-feio, diga-se de passagem. da então longa lista de candidatos ao poder. E assim, durante longos meses, JES não mexeu uma palha do legado de Manduxe. Mas, com o passar do tempo, transformo­u-se naquilo que toda a gente sabe e faz de conta de não sabe, mostrou-se um personagem insensível ao sofrimento do sofredor povo de Angola, deu por vezes mostras cabais de o desprezar, acumulou uma fortuna avaliada em biliões de dólares, levou o país às fronteiras de uma banca-rota fraudulent­a e, pelo menos, foi cúmplice da sua Polícia Secreta no que toca aos assassinat­os selectivos, perpetrado­s por esta última como modo eficaz para ele se manter no poder.

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