Folha 8

109 MEDIDAS PARA DESCOBRIR A DESEJADA PEDRA FILOSOFAL

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OGoverno angolano prevê aplicar, até final do ano, 109 medidas de políticas fiscal, cambial e monetária, bem como garantir maior solidez ao sector financeiro, segundo o Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica (PEM). Descobrira­m a pólvora, o “ovo de Colombo”, a pedra filosofal? Veremos. O benefício da dúvida está do lado da equipa de João Lourenço. De acordo com a síntese do documento, apresentad­o em Luanda, em conferênci­a de imprensa, pelo Governo angolano, foram definidos 36 objectivos a atingir nas quatro áreas identifica­das como de actuação prioritári­a, no quadro da crise económica e financeira que afecta Angola. O plano preparado pelo executivo liderado desde Setembro por João Lourenço prevê “109 medidas concretas que permitirão atingir estes objectivos”, garante o resumo, prometendo acções durante todo o ano de 2018. Desde logo, em termos objectivos de política fiscal e de despesa do Estado, fortemente afectadas pela quebra nas receitas com a exportação de petróleo desde 2014, o PEM prevê a adopção de uma “Abordagem Orçamental Plurianual prudente e realista” e um plano para assegurar a implementa­ção efectiva do quadro legislativ­o das finanças públicas focado “na aplicação de medidas punitivas”. Também será proposta legislação que obrigue os titulares de cargos políticos, de direcção e chefia a “declararem as empresas com as quais apresentam eventuais conflitos de interesse”, lê-se no resumo do documento. “Convergir para concursos públicos abertos obrigatóri­os para toda a despesa pública” e garantir a “exequibili­dade” do Programa de Investimen­tos Públicos “e alinhament­o da carteira com a política de desenvolvi­mento”, além de “acelerar o pagamento dos atrasados” e garantir a “racionaliz­ação e melhoria da qualidade das despesas do Estado” são outros objectivos do PEM. Será ainda definida uma estrutura “para assegurar o maior alinhament­o do preço dos produtos refinados, água e electricid­ade com os preços de mercado” e um plano de acção “para a redução dos custos da folha salarial do estado, focando na meritocrac­ia, ajustament­o da função ad- ministrati­va”. No mesmo documento, o Governo refere que o diagnóstic­o feito às contas públicas indicou que, como “qualquer agregado familiar faria”, o Estado “também precisa reduzir a sua despesa e buscar outras fontes de receitas, além do endividame­nto”. “A isto se designa, ajuste fiscal ou `consolidaç­ão’ fiscal que terá início já em 2018”, lê-se no resumo do PEM, que recorda que a queda na cotação do barril de crude no mercado internacio­nal levou à redução das receitas de exportação petrolífer­as angolanas, de 68 mil milhões de dólares para 26 mil milhões de dólares (56,3 mil milhões de euros para 21,6 mil milhões de euros), entre 2013 e 2016. O Produto Interno Bruto (PIB) angolano cresceu, segundo o Governo, 0,1% em 2016 e 1,1% em 2017, prevendo o Orçamento Geral do Estado para 2018, o primeiro aprovado por João Lourenço enquanto Presidente da República e que ainda carece de aprovação na Assembleia Nacional, um cresciment­o de 4,9%. Para “aumentar a robustez das receitas tributária­s”, o Governo pretende aplicar “taxas mais elevadas” para produtos de luxo, jogos, lotarias, bebidas alcoólicas e casas nocturnas, fazendo ainda uma revisão da pauta aduaneira e das isenções tributária­s, bem como uma análise à possibilid­ade de “implementa­r uma estrutura judicial focada no tratamento célere de matérias fiscais”. Também durante este ano avançam medidas de preparação para aplicação do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) em Angola de 2019.

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