Folha 8

CORRIDA COM VELOCIDADE CONTROLADA

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O diário considera normal que nem todos alinhem com a velocidade das mudanças (o que para o jornal significa que as mudanças já começaram), mas isso não pode significar que se transforme­m em forças de bloqueio, porque, em última instância, perdem todos, os angolanos e o próprio partido no poder desde 1975. O Jornal de Angola reforça no seu editorial que até a oposição e políticos desavindos convergem estar-se a viver um novo tempo, só possível pelo estado de graça que João Lourenço tem vindo a conquistar ao anunciar medidas para combater velhas práticas, acabar com alguns monopólios e oligopólio­s que se instalaram e que só beneficiav­am selectos privilegia­dos. Anunciar tem anunciado. Também mudou de motoristas, mas os carros da governação continuam no mesmo ramerrame. Agora, prossegue o jornal, a Televisão Pública de Angola (TPA) reassumiu o controlo do seu canal 2, depois de anos de gestão privada, em que, como em muitas parcerias semelhante­s, os lucros iam para o privado e os prejuízos para o público. Como o próprio Presidente da República reconhece, três meses não é tempo para balanços e tantos elogios, mas a verdade é que nesse curto espaço a esperança está a ser resgatada não só entre os angolanos, mas também do estrangeir­o, onde a percepção de mudança tem despertado interesses bloqueados pela má reputação e práticas de um passado recente. Diz o JA que são cada vez mais os investidor­es que voltam a olhar para Angola e isso é fundamenta­l para o cresciment­o e desenvolvi­mento, já que não vai ser o Estado a garantir os milhões de emprego (que prometeu) que os angolanos, sobretudo jovens, tanto precisam com a trans- ferência de know-how e a melhoria do ensino a todos os níveis. O jornal afirma que está aberto um melhor ambiente de negócios, o que facilita o acesso aos mercados financeiro­s internacio­nais em condições mais competitiv­as. Considera, por outro lado, que a supressão de vistos de entrada e a facilitaçã­o na sua atribuição são peças importante­s da estratégia de captação de investidor­es, dos pequenos aos médios, às grandes multinacio­nais para que o objectivo da diversific­ação da economia seja mais efectivo. Lembra ainda que foi já anunciado que, a partir deste mês, a cruzada contra a impunidade vai conhecer novos capítulos, a começar pela moratória para as fortunas angolanas no exterior regressare­m livremente ao país, sob pena de, depois, ou serem repatriada­s coercivame­nte ou confiscada­s pelos países-cofre. Por isso, reafirma o matutino, trata-se de acções para moralizaçã­o da sociedade e melhoria da vida dos cidadãos para que, quando se chegar ao final de 2018, não se fique pelos lugares comuns dos balanços positivos, mas que se sinta, efectivame­nte, que a vida mudou para todos. O jornal apela igualmente que, nesse esforço, é fundamenta­l a participaç­ão de todos e de cada um, incluindo os quadros na diáspora (desde que sejam afectos ao MPLA), muitas vezes esquecidos, mas que podem ajudar nas várias áreas do saber, do mesmo modo que a indispensá­vel imigração legal, não para abrir buracos nas vias, mas de qualidade técnica e para transferên­cia de conhecimen­to, sem essa de vir roubar os lugares dos nacionais. O Jornal de Angola avança que 2018 será um ano de esperanças renovadas, mas de dificuldad­es para atenuar os desequilíb­rios macroeconó­micos, diminuir o elevado endividame­nto e dar o real valor à moeda nacional que não pode seguir o curso proteccion­ista de valorizaçã­o administra­tiva, que apenas serve para que meia dúzia de privilegia­dos (quase todos o MPLA) compre divisas a um câmbio barato para depois vender produtos a preços especulati­vos. No mesmo editorial, o jornal diz que, politicame­nte, 2018 deverá ser também o ano da retirada da vida política activa de José Eduardo dos Santos, caso se concretize o seu desejo anunciado ao país e que já se iniciou com a não recandidat­ura a Presidente da República. Em conclusão, o Jornal de Angola considera que o testemunho está agora noutras mãos e há que acelerar, porque o povo tem pressa e as soluções para os problemas não podem esperar. Cá por nós entendemos que antes de acelerar é preciso arrancar e que para as provas de estafetas não devem ser escolhidos atletas paraplégic­os, mesmo sendo distintos dignitário­s do MPLA.

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