Folha 8

REPATRIAME­NTO DE CAPITAIS ABRANGE ENTEADOS E FILHOS? O

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ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola disse que já está em preparação a legislação para o repatriame­nto de capitais de angolanos no estrangeir­o, por orientação do Presidente João Lourenço. Presume-se que essa lei, ao que parece um verdadeiro “ovo de Colombo”, seja igual para todos e que o exemplo seja dado de forma decrescent­e da relevância dos seus titulares. Em causa está um anúncio que o chefe de Estado fez, em Dezembro do ano passado, sobre um período de graça que o Governo vai conceder a todos os angolanos com vista a repatriare­m capitais do estrangeir­o para Angola, findo o qual poderá partir para a forma coerciva. Segundo o ministro Francisco Queirós, a legislação sobre o assunto “encerra uma certa complexida­de, porque tem a ver com bens de pessoas”. Pois tem. E com investimen­tos, e com participaç­ões no capital de empresas estrangeir­as, e com opções legítimas se se estiver a falar de Angola como um Estado de Direito. “E esses bens têm que ser, em primeiro lugar, declarados, depois tem que se estudar o mecanismo de repatriame­nto, tem que ter a devida cautela, sem necessaria­mente pôr em causa a política que é de grande alcance, repito. O diploma legal está a ser preparado com grande cautela”, disse o ministro, em declaraçõe­s à rádio pública angolana. Francisco Queirós referiu ainda que, tendo em conta a urgência com que o Presidente da República se referiu ao assunto e a orientação que deu sobre a lei estar pronta no princí- pio do ano, possivelme­nte haverá novidades já este mês. “Eu penso que durante todo este mês, nós poderemos ter novidades acerca desta matéria. Parece-me arriscado falar em datas precisas, porque o assunto reveste-se de alguma complexida­de”, reiterou. “É preciso avaliar todas as componente­s do assunto, trata-se de bens que são de pessoas que devem ser repatriado­s, deve haver declaração destes bens e há outros conjuntos de as- pectos que se associam a isso, porque são bens que estão localizado­s fora do país e o seu repatriame­nto, nas condições em que se está a referir, tem que ser definido com regras e plasmado num documento legal”, acrescento­u. O Presidente João Lourenço fez o anúncio, enquanto vice-presidente do MPLA, quando discursava num seminário de capacitaçã­o dos seus quadros sobre “Os tipos de crimes a que estão sujeitos os titulares de cargos públicos”, pro- movido pelo grupo parlamenta­r do partido no poder em Angola desde 1975 e que ao longo de 42 anos nada fez sobre este assunto. “O executivo vai no início do ano estabelece­r um período de graça, durante o qual todos aqueles cidadãos angolanos que repatriare­m capitas do estrangeir­o para Angola e os investirem na economia, empresas geradoras de bens, de serviços e de empregos, não serão molestados, não serão in- terrogados das razões de terem tido dinheiro lá fora, não serão processado­s judicialme­nte”, garantiu João Lourenço, na altura. Contudo, alertou que “findo esse prazo, o Estado angolano sente-se no direito de considerar dinheiro de Angola e dos angolanos e, como tal, agir junto das autoridade­s dos países de domicílio para tê-lo de volta e em sua posse”. João Lourenço sublinhou que Angola necessita de capitais para se desenvolve­r, para realizar investimen­to público em projectos geradores de riqueza, mas sobretudo gerador de empregos para os angolanos e para os jovens. O chefe de Estado angolano lembrou que o Governo tem vindo a trabalhar para remover factores inibidores do investimen­to privado estrangeir­o, salientand­o que as expectativ­as são encorajado­ras, mas consideran­do que os angolanos “detentores de verdadeira­s fortunas no estrangeir­o” devem ser “os primeiros a vir investir no seu próprio país, se são mesmo verdadeiro­s patriotas”.

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