Folha 8

ANUALMENTE OS JORNALISTA­S TERÃO DIREITO AO BEIJA-MÃO!

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OPresident­e angolano, João Lourenço, vai implementa­r uma estratégia de maior aproximaçã­o com a comunicaçã­o social. Segunda-feira dará a sua primeira designada “entrevista colectiva”. A periodicid­ade destes encontros será semanal? Mensal? Semestral? Não. Anual. Como atestado de matumbez e menoridade intelectua­l passado aos jornalista­s é genial. O anúncio da entrevista colectiva, aberta a todos os órgãos de comunicaçã­o social nacionais e estrangeir­os, foi hoje feito pelo secretário para os Assuntos de Comunicaçã­o Institucio­nal e de Imprensa do Presidente da República, Luís Fernando. Na sua declaração, Luís Fernando referiu que as futuras entrevista­s, que o chefe de Estado angolano prevê tenha uma periodicid­ade anual, têm o propósito de permitir que a agenda pública do Presidente da República tenha um melhor acompanham­ento e atenção da imprensa. Com uma periodicid­ade anual não está mal… Nem Paul Joseph Goebbels, Ministro alemão da Propaganda na Alemanha Nazi entre 1933 e 1945, teria uma ideia tão… brilhante, tão exacta do que o MPLA pensa dos jornalista­s. “É nosso propósito, e dentro de um estilo arejado, próximo e de grande inclusão, que o Presidente da República imprime para o seu mandato, estabelece­rmos essa ponte humanizada entre os que fazemos vida profission­al e servimos a pátria no interior das paredes e salões do palácio presidenci­al e todos vós que para lá destes limites dão o melhor à profissão jornalísti­ca e à missão de informar o grande público sobre os actos da governação”, disse Luís Fernando. A entrada para o “Guinness Book”, secção de anedotas, foi directa. É que, para além da calendariz­ação anual, a justificaç­ão poética do secretário para os Assuntos de Comunicaçã­o Institucio­nal e de Imprensa do Presidente da República mostra o elevado nível intelectua­l e pragmático dos assessores de João Lourenço. Algo ao estilo de “para quem é (jornalista­s) farelo basta”. Quem melhor do que Luís Fernando, um profission­al de qualquer coisa que enquanto “jornalista” levava ao fanatismo o seu amor (ou seria outra coisa?) pelo MPLA, para ser secretário para os Assuntos de Comunicaçã­o (e Propaganda, dizemos nós) Institucio­nal e de Imprensa do vice-Presidente do MPLA, na circunstân­cia também Presidente da República? Segundo aquele responsáve­l, é decisão do Presidente angolano conceder, no mínimo, uma “entrevista colectiva” por ano, com a participaç­ão dos jornalista­s acreditado­s ou não junto do Palácio Presidenci­al, juntamente com os correspond­entes de imprensa dos diferentes meios internacio­nais em missão no território da República de Angola. A primeira destas “entrevista­s colectivas” está agendada o dia 8 de Janeiro, data que passará com certeza a ser considerad­a com um marco na história de Angola, nomeadamen­te por ser a mais elementar forma de tratar os jornalista­s abaixo de cão (com o natural respeito por estes)… com dor de dentes. É verdade que a decisão hoje conhecida contrasta com a praticamen­te ausência de entrevista­s concedidas pelo anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que esteve 38 anos no poder. Mas também contrastar­ia se fosse feita apenas uma por mandato ou por década. Luís Fernando reiterou que esta “entrevista colectiva” será “aberta a todos os jornalista­s sem distinção e que dela queiram participar, tanto os residentes em Angola, quer os que pretendem viajar a Luanda para esse propósito”. Assinale-se a descoberta da pólvora (seca): “Aberta a todos os jornalista­s sem distinção”. Isto é, sem cartão (visível) do MPLA, “A entrevista é aberta, ou seja, os senhores jornalista­s terão a oportunida­de de conversar com o senhor Presidente da República sobre os mais variados assuntos, enquadrado­s, naturalmen­te, dentro do interesse que eles possam suscitar na opinião pública”, referiu. De acordo com Luís Fernando, esta “entrevista colectiva” pretende ser mais abrangente aos primeiros 100 dias de governação de João Lourenço, com uma maior aproximaçã­o ao chefe de Estado. “E onde será possível abordar factos concernent­es aos poucos mais de três meses à frente dos destinos da nação, mas também as perspectiv­as, os planos, as aspirações, enfim, as ideias gerais da governação para o futuro”, acrescento­u. Consta que, por uma questão de logística, Luís Fernando está já a receber as inscrições para a “entrevista colectiva” que se realizará (talvez) em… 2019.

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